Thursday, January 31, 2008
Saturday, January 26, 2008
EQUILÍBRIO ESTÁVEL
Era uma mulher com sofreguidão de conhecimento. Os factos mais inconcebíveis não a perturbavam: antes, não descansava enquanto não lhes conhecia as causas e efeitos. O cidadão que caminhava à sua frente, possuia apenas uma perna, não se apoiava sequer a uma bengala e -estranhamente, não saltitava. Não tardou muito que Adozinda Maria estugasse o passo e, lado-a-lado com o perneta, lhe inquirisse com o ar mais natural deste mundo "O senhor vai-me desculpar, mas faz-me uma imensa impressão vê-lo andar sem outro auxílio que não seja apenas o do seu próprio corpo. Já pensou em amparar-se a duas canadianas?" Ele parou, olhou-a com um sorriso desalentado e respondeu "Pensar não pensei, mas que havia de ser bom, disso não tenho dúvidas. Mas... já me chega a portuguesa que tenho lá em casa, que não é nada dada a dividir amparos.
Lisboa, 2008. Texto e foto de Alberto Oliveira.
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Como os leitores já repararam (sobretudo aqueles que conseguem ler a "letra minúscula" da publicidade que não se pretende lida) ainda não foi hoje que o prometido texto sobre a "cadeira eléctrica" foi editado. Desta feita, e porque ao terrífico zingarelho executor de corpos e almas (e depois de reparada a avaria) lhe foi adicionado um rodado -para mais facilmente se deslocar de execução em execução, ao sair da oficina (sita ao cimo da Calçada da Ajuda), o técnico seu reponsável, num momento de distração, permitiu que a cadeira descesse, desgovernada e em alta velocidade, em direção ao rio, perdendo-a de vista. A PJ tomou conta da ocorrência e o autor pode dormir descansado.