EQUILÍBRIO ESTÁVEL
Era uma mulher com sofreguidão de conhecimento. Os factos mais inconcebíveis não a perturbavam: antes, não descansava enquanto não lhes conhecia as causas e efeitos. O cidadão que caminhava à sua frente, possuia apenas uma perna, não se apoiava sequer a uma bengala e -estranhamente, não saltitava. Não tardou muito que Adozinda Maria estugasse o passo e, lado-a-lado com o perneta, lhe inquirisse com o ar mais natural deste mundo "O senhor vai-me desculpar, mas faz-me uma imensa impressão vê-lo andar sem outro auxílio que não seja apenas o do seu próprio corpo. Já pensou em amparar-se a duas canadianas?" Ele parou, olhou-a com um sorriso desalentado e respondeu "Pensar não pensei, mas que havia de ser bom, disso não tenho dúvidas. Mas... já me chega a portuguesa que tenho lá em casa, que não é nada dada a dividir amparos.
Lisboa, 2008. Texto e foto de Alberto Oliveira.
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Como os leitores já repararam (sobretudo aqueles que conseguem ler a "letra minúscula" da publicidade que não se pretende lida) ainda não foi hoje que o prometido texto sobre a "cadeira eléctrica" foi editado. Desta feita, e porque ao terrífico zingarelho executor de corpos e almas (e depois de reparada a avaria) lhe foi adicionado um rodado -para mais facilmente se deslocar de execução em execução, ao sair da oficina (sita ao cimo da Calçada da Ajuda), o técnico seu reponsável, num momento de distração, permitiu que a cadeira descesse, desgovernada e em alta velocidade, em direção ao rio, perdendo-a de vista. A PJ tomou conta da ocorrência e o autor pode dormir descansado.
27 Comments:
perneta...
e a maria dele que o não deseja orientar...
por acaso nunca conheci uma canadiana, devem ser como as am(a)ricanas
yaya
abrazo serrano
Quando as pessoas não se movimentam da mesma forma que nós, parece termos uma certa tendência para dar maus conselhos!...
ai a sofreguidão ...de conhecimento!! :)
tadinho dele que não podia fugir!
que entre outras coisas é do que servem as canadianas:
1. fugir a três pés das ávidas de conhecimento!
2. facilitar... ou adoçar hum...significativamente a vida!
:)
Mas com tanta oferta disponível e mais acessível porque raio se foi a mulher lembrar de duas canadianas...??
Brasileiras..russas e inclusivé portuguesas não serão melhor amparo?
Um abraço!
Soltou-se-me uma gargalhada sonora e bem que estava a precisar dela :O)
Pobre Adozinda, ela dá conselhos porque ninguém lhos compra ...
Um beijo e um sorriso
(a história da cadeira é que me desiquilirou, tenho que cá voltar para ler os posts anteriores, fiquei curiosa ... como a Adozinda percebes? :) )
... a PJ a tomar conta de quê????
mais vale entregar a tarefa à Adosinda que é perspicaz e vai directa ... ao que interessa!!!
eu cá, nem canadianas, nem amaricanas, nem mesmo portuguesas... o melhor é mesmo confiar apenas nas próprias pernas, ou nos pássaros que trazem labaredas no bico...
adorei o post...
oh...então e não é que o homem...?
olhei mais de perto e de facto
o que está ele a fazer com a perna assim... que não consegui perceber!??
eu acho que a adozinda o convenceu a fazer uma demonstração qualquer...só não sei de quÊ!
mas vou investigar ai vou!
que às vezes também tenho umas crises de investigação cognitiva no...terreno!
daí nasce a luz...não, não nasce...normalmente, não nasce nada!:)
beijO.abraÇo.mil :)))
desculpe vir acordá-lo menino legível, é para avisar que está lá em baixo um agente à paisana a multar a sua viatura por falta de estacionamento conveniente. diz também que lhe vai apreender a carta de condução da cadeira :)
beijinho grande. boa tarde :)
- O senhor fez-me rir com essa - disse Adozinda, puxando as meias para cima, que era friorenta e aquele sol de inverno não a estava a aquecer. - Eu gosto de uma boa piada.
- Antes assim, que eu também gosto de me rir.
- Ai é? Sabe a estátua que está ali no meio da praça? Não, não pode olhar para lá - disse ela, puxando o homem pelo braço, antes que se virasse. - Qual é a pata direita do cavalo de D. José?
O homem da perna única hesitou: se respondesse certo a coisa não tinha piada.
- Ora, disparate, é a direita.
- Ah ah ah ah - Adozinda apoiou as mãos nos joelhos, tal eram as dores que a vontade de rir lhe estavam a provocar. - Não... não... é a esquerda, ora olhe para lá.
O homem virou-se, mas o 46 da Carris, engarrafado no trânsito de fim de tarde, não deixava ver nada. Nisto a porta das traseiras do autocarro abre-se e uma cadeira eléctrica, toda encharcada, sai aos trambolhões.
- Algum dos senhores tem uma toalha turca - pergunta ela para o perneta e para Adozinda que, embasbacados, nada conseguiram dizer. - Caí ao rio e estou ensopada, se não tenho cuidado, ainda me dá um curto-circuito e depois é que nunca mais entro num post do Legível.
Adozinda recuperou do choque - salvo seja - e, virando-se para o uniperna, disse-lhe: - O senhor não me leve a mal, mas eu vou fugir daqui a sete pés! - e desatou a correr na direcção da Rua do Arsenal.
- E eu também. Oh perna para que te quero - e lá foi ele a dar ao membro, Rua da Prata acima.
Ainda a pingar, a cadeira dirigiu-se ao Martinho da Arcada. Talvez ali a conseguissem ver tal como ela era: uma Cadeira Ecléctica.
Tanta coisa a lembrar outras prevalecem. Fico por aqui, continuo a ler.
Tens a imaginação e a fantasia...
Abençoadas.
As caucasianas.
As africanas.
As mistas.
As místicas.
Safam-se as orientais por terem (já) os olhos em bico, antes de te lerem!
As mulheres são todas umas curiosas.
Sempre entendes a memória como a entendo. O que não quer dizer que me não perca nos campos minados dela, às vezes.
Bjinhos
És um rapaz bondoso, legivel, a pores na boca da Adozinda Maria, com aquelas palavras, uma sugestão que aliviaria a aflição que se instalou ante tal visão.
procurava...
uma laranja mordida
e um
beijo
meio dado...
por acaso...viu!?
...a adozinda?
...no avental??
ah ok vou descer!! :)
é bom saber que vai adiando essa ideia luminosa!
as portuguesas são moças muitos cuscas, não são?
e são mesmo burrinhas, não são?
empurram os homens para outros ombros!
abraço
desculpa... voltei, para dizer que o pedro branco não vai tocar por estes dias em lisboa.
pois parece-me que a cadeira também precisa de umas boas canadianas para cá chegar...
A esta hora sabe bem este excelente humor!*****estrelas!:)
Beijinho e sorrisosssssss*
a sorrir.
da arte de saber fazer um sorriso com uma inteligência Equilibrada e muito muito estável...:)
diria que permanente.
o que é um fascínio-
beijo.
duplo.
O teu sentido de observação (tomada nos dois sentidos) é notável.
muletas
aposto que a cara-metade do sujeito também só tem uma perna. a direita.
amigo legível, quando é que o tão prometido post sobre a cadeira eléctrica vem parar ao papel de fantasia? ando a precisar de ler textos que me animem...
gatafunhos&arranhadelas& até já
só a informar que o socrates viu o teu blog e anda à procura do gajo para lhe dar uma perna...
yaya
abrazo serrano
Ora viva, como está o meu mais ilustre fã? Pois já li o homem de única perna e, como sempre, achei piada, fez-me sorrir como é costume seu.
Venho também deixar-lhe mais um repto. POis, abri outro lugar aqui na virtualidade - terra de todos os sonhos - para começar a divulgar um projecto de carácter profissional. Gostaria muito que passasse por lá, pois confio na sua leitura e no seu discernimento para opinar seriamente sobre o que lá digo e sobre aquilo a que me proponho. Agradeço-lhe a disponibilidade que tem tido para mim, e é por ela que me atrevo a tanto.
www.vinculoL.blogspot.com
um abraço para si. Até breve. Azul.
ehehe, um perneta, uma cadeira eléctrica e fico a pensar como então andava o homem? mistério.
Neste momento já sou capaz de apostar com quem quer que seja que tu serias capaz de inventar o riso e as histórias mais desvairadas, a partir do absoluto nada...
é a denominada "chata"
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