FIM-DE-SEMANA ALUCINANTE
Estávamos a acabar de pequeno-almoçar, quando perguntei à minha-mais-que-tudo -assim como que casualmente, «Onde te apetece ir este fim-de-semana?» e ela sem pestanejar, fixando a ponta da torrada ainda incólume, respondeu no mesmo registo de voz com que me tinha pedido para lhe passar o açúcar, «A Veneza».
Conhecendo-a como a conheço, já devia ter juízo para não lhe fazer perguntas mais ou menos fora do contexto rotineiro a horas tão madrugadoras. Mais uma vez tentei emendar a mão, argumentando pacientemente que decidir ir a Veneza de um dia para o outro, não é a mesma coisa que dizer "amanhã vamos a Paço de Arcos!". E não só; então e "aquilo com que se compram os melões"?, não conta? Que este ano já tínhamos concordado em apertar o cinto, fazer praia em Carcavelos e -esticando um pouco o orçamento, passar cinco dias em Tavira dividindo despesas com o Gigi e a Guida.
Ouviu-me, com olhos de mel, terminou o café com leite e respondeu-me docemente, «Não te zangues, amor; não queres ir este fim-de-semana, vamos no próximo».
Beijei-a rápidamente, peguei na pasta e voei literalmente pelas escadas. Parti uma perna. Vamos passar os próximos fins-de-semana em casa.