Friday, July 22, 2005

EMOÇÕES AO VIVO E A CORES

Ontem não vi a Catarina. Provavelmente trancou-se em casa a carpir mágoas que ela não é do género de mostrar fraquezas à vizinhança. Um pouco como os londrinos, que não apareciam em estado de choque à frente das camaras da BBC aquando dos atentados bombistas do dia sete deste mês de Julho.

Apesar da capital inglesa se situar a poucas horas de distância do solo luso, este modo de estar bem diferente da latinidade portuguesa que não se ensaia nada para arrepelar os cabelos ou uivar de dor pela morte de um ente querido, de uma tragédia colectiva ou de uma figura colunavel mais do seu agrado, em público e -preferencialmente, acompanhada pelos olhos "indiscretos" dos media (embora em tempo recente se lhe deva atribuir um toque de criatividade bem disposta com os aplausos que proliferam em tudo que é são funerais e minutos de silêncio), calou bem fundo nas gentes da informação cá desta banda que à falta de outro material mais "visível" sobre o acontecimento, dissertou sobre as causas de tal postura dos súbditos isabelinos e muito me espantou não ver titulado "Os ingleses não choram!" ou "O que é feito dos sentimentos na velha Albion?!".

Em conversa de matar-o-tempo-que-o-negócio-vai-mal, fiquei a saber que o Rodrigues da papelaria tem opinião formada e fundamentada sobre o caso. Diz ele que "em casa onde não há pão, todos ralham sem razão". Porque não percebi o alcance de tal provérbio adaptado ao assunto, pedi-lhe para ser mais explícito. Explicou-me então, de bom grado, a sua teoria. Disse-me ele que a história da fleuma britânica é uma treta; os tipos choram e desmaiam de emoção como outro qualquer humano deste planeta mais cinzento que azul. Só que(?!) os jornais e a televisão inlglesa vendem-se bem; exceptuando alguns casos de informação sensacionalista, os profissionais da comunicação não precisam de "andar atrás dos dramas privados do cidadão comum" para fazerem jus ao seu vencimento. E interroga-me afirmativamente e irónico , «em Portugal as coisas não funcionam assim, pois não?!».

Pela certa, que este Rodrigues anda a ver demasiada televisão e a ler tudo o que é jornal...

4 Comments:

Blogger Joana said...

Obrigada pela tua visita. Gostei muitos dos teus textos. Gosto do teu tom. Permite-me o comentário: escreves muito bem! :)

És tu com os insights do Rodrigues da papelaria e eu com um tal Sr. Duarte de uma tasquinha em alfama
...Pela certa que andam mesmo!

Jinhos

22/7/05 15:46  
Blogger Leididi said...

Ao pé dos jornais sensacionalistas ingleses, somos umas crianças ingénuas...a nossa informação não é assim tão má e temos jornais de qualidade. São poucos (jornais no geral, é certo.A televisão não é grande coisa, mas também não é da pior, Espanha por exemplo é do piorio...

24/7/05 23:42  
Blogger Alberto Oliveira said...

Leididi:
É verdade que ao pé dos tabloides sensacionalistas ingleses "somos uns ingénuos"; mas chegaremos lá, que é mais fácil copiar estes métodos , que criar algo de informativo de facto.
Os nossos jornais, são efectivamente poucos mas de que serve existirem mais, se económicamente são projectos inviáveis?...porque para haverem jornais é necessário haver leitores. As estatísticas dizem tudo: entre os de referência e os generalistas, quem é mais lido são...os desportivos!
Para não alongar mais o comment, dir-te-ei que tenho esperança nas novas gerações do pessoal desta área; com ideias próprias e sem se submeter a interesses economicistas estranhos à verdade da informação. Porque se está a fechar um círculo, onde predominavam o voluntarismo e a boa-vontade em paticipar na feitura de um país democrático; foi bom e importante. Mas já passaram trinta anos sobre o assunto...

25/7/05 11:01  
Blogger Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) said...

não lucra nada com isso, não é?

27/5/08 23:25  

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