"PERNAS PARA QUE AS QUEREM?"
... perguntava-se Li Sai Só, risonho e abastado comerciante de vinhos licorosos na florida e industrializada cidade de Ter Pé Sai Karo, reconhecida pelas suas aromáticas e espirituosas bebidas. Recém-chegado ao Porto por solicitação do seu criador, encontrava-se agora na enorme sala expositória na companhia de dezenas e dezenas de clones seus que apenas se distiguiam pelas posições corporais e no tamanho, uma vez que as componentes faciais a todos eram comuns: do sorriso-em-paz-com-a-vida até aos olhos rasgados, característicos dos povos orientais. Do lado de cá do espelho, Li Sai bem se curvava para não perder qualquer ângulo de visão e não queria crer no que via: ao contrário do que acontecia com os seus iguais, as pernas dos visitantes não se detinham junto a si, ele que se imaginou cercado de questões de toda a ordem e que para as quais já tinha engatilhadas respostas na ponta da língua, resultantes de outras exposições noutros paises. Até que percebeu: apressadas, as pernas dos visitantes corriam ao encontro dos respectivos troncos e cabeças que se encontravam mais acima e do outro lado do espelho.
2008. Texto e vídeo de Alberto Oliveira.
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NOTA: As pernas que se possam observar do lado de cá do espelho (do lado onde se encontra Li Sai Só), entraram nesse espaço depois de editado este post e, naturalmente, à revelia do autor do mesmo. São as pernas que se conhecem popularmente por "sem pés nem cabeça".
31 Comments:
Alberto,
não foras tu dizer-nos que se trata de Li Sai Só e eu ainda corria o risco de pensar que me tinhas apanhado num grande flagra momentos após a pintura da cozinha, com que tenho andado entretida :))
Tal e qual :))
E assim repentinamente quem sabe descobri uma profissão de sucesso? :)
Beijinhos e sorrisos
PS-com tanta tinta que ainda dei cabo da placa de internet e por essa razão, enquanto esperas, aproveita e puxa por uma cadeira :)) Ai Ai :))
Minhas ricas cruzes... :P
Bjinhos
Sem pés nem cabeça são estes nomes...então uma sai bem e outra só?...xiiiiiiiiii...não há nenhuma que fique?...:P
bjitos
E não é que há mesmo coincidências? (eu a pensar que era mais uma das tuas divertidas efabulações, mas pelo sim pelo não, vim até aqui...)
Isto de passar para o outro lado do espelho já sabemos que é sempre uma complicação. Mas de uma coisa tenho a certeza: se eu tivesse visto a exposição contigo não teria tido a reacção que tive:))
Assim parece divertido...lá terei que voltar!
- Ó, xi mim não quer?
Perguntava o velhote à memória duma gueixa no espelho.
- Desculpe? diz esta - Está a ver mao, eu sou simplesmente alice, a do limpau pó. A outra, já não morau Ki.
...Pois, deixas-me assim, risonha.
Não, não fui ver os clones porque tenho andado a contar gravatas na télé. Hoje até vi um de Kaxi Kol.
Bjinho
Texto interessante que nos faz sorrir e pensar!
Gostei.
Abraço
chhhhh!!!!!!
ando mal duma perna,
tem a ver com isto?
boas!
Muito obrigado pela constante presença nos meus blogues e pelas simpáticas palavras lá deixadas com muito carinho.
Não tenho o teu e-mail pois tenho estado a pedir a todos os meus contactos que dêem um saltinho ao blog da minha sobrinha, que está internada no hospital de Santa Marta, à espera de um transplante de coração, com 26 anos.
Tem sido um sofrimento acompanhar a sua doença e mal-estar associado há mais de 1 ano...
Mas caso lá vás não refiras que fui eu que te pedi, se quiseres lê os seus ultimos posts e deixa umas palavras de força e ânimo, além de carinho que ela precisa.
Bom fim de semana e beijos perfumados.
Blog da sobrinha:
http://pikenatonta.blogspot.com/
Alberto...
Eu assumo que tenho uma dose (mais que a conta)de pouco normal... - alias, reconheço-o e, por isso mesmo, escrevi no meu blog "que sempre me tomei por uma ET de outra Galáxia". Exemplo: rio-me de coisas que os outros jamais esboçam um sorriso...e vice versa. Passando este episódio, e depois de ter visto atentamente o vídeo,seguida da leitura dos demais comentadores, o que me apraz dizer é o seguinte: por vezes, tomamos posições na vida, iguais ou piores da que assistimos aqui. Normalmente as pessoas não conseguem permanecer muito tempo de pé...e paradas! - já reparou? Sentiu? apenas a coluna as sustenta.(ás pernas) Isso dói, não?! Por vezes doi muito! Ao invés do riso que provocou o texto, vídeo, e a sua sempre aguçada intenção de ser desconsertante, aqui neste caso específico, fez-me pensar sériamente. Repare que, se não houver por perto uma cadeira sequer para nos sentarmos, essas mesmas pernas vão ficando arqueadas, arqueadas e aqueadas - tal como a figura filmada - a é já não podeem mais...e de tanto esforço, uma altura há, que se cai no chão.
Aí, sentimos que o mundo cai junto connosco também!Daqui tiro uma grande lição, que não de riso!
Deixo-o a pensar...se é que o seu humor não vai dar a volta ao texto e remete algo ou pior, para que se sustente esse mesmo riso.
Abraço
Mariz
ora viva!
Venho dum sítio onde há um exército de estranha gente apeada e sorridente. Agora aqui estoutro vaidoso e intrigado pela sua condição de pezudo. É a invasão de alienígenas? E depois tu ainda baralhas mais a minha cabeça. Vou fugir daqui a sete pés!
...E esta é uma adaptção oriental a essa grande obra literária à Alice no País das Maravilhas!
Muito bem!
p.s.
sim é bom, quando conseguimos ler as respostas dos outros nas entrelinhas! :)
bjs bom fim de semana!
Bem razão tinha a Justine lá no estaminé dela em dizer que outros visitantes da exposição a veriam com outros olhos menos aterrorizados. Lá, fiquei aflita com o que vi e li, aqui deliciei-me com o habitual sentido de humor.
pernas que invadem espaços que não lhes pertecem e depois estranham não terem o tronco e a cabeça
...alguém que inventa uma licorosa, florida e industrializada cidade chamada Ter Pé Sai Karo merece ser flagelado com esparguete cozido até à eternidade, por deixar leitoras como eu, engasgadas de riso... ( que coisa!...uma pessoa pode morrer disto!!!)
Exactamente, Alberto: «Sens pés nem cabeça»
Quando vi pela primeira vez as fotografias dessas imagens coloquiais, reparei que as calças tocando o chão, encobriam os pés ou apenas o suporte do corpo. Nesse sentido cheguei a comentar que a estrutura da exposição de cada corpo seria a cabeça -- a sua repetição, alegre! -- mas não. a explicação está por ti dada. Quando o figurante se aproxima do espelho para se identificar e reconhecer, aprovar ou negar a sua figura, vai a preceito, calçado. O que ficará por saber é se também ri.
Um abraço
Pernas sem cabeças, que rodopiam mas não param... parecem outras estátuas, animadas, é certo, mas sem alma.
e o espelho, alguém o passa??
Não deixe nunca de escrever com esta verve e mestria.
Boa semana.
sem pés
sem cabeça
escrevo com mãos
bj
a.
pois a mim deu-me mesmo vontade de ir ver o outro lado do espelho ...
obrigada pelas tuas histórias
O que me diz a este tempinho? Só para pinguins...
Um abraço respeitoso.
Alberto
Passei para lhe deixar um abraço e informar que lhe dediquei "honras de resposta", - que também servem a maioria. O que escrevi - salvo o que sentir ser directo para si - mas o intuito maior consistiu em responder a alguns que por amuos deixaram de ir até lá, bem como a quem comenta nas minhas costas, ou através de mails para que outros não leiam - a este propósito escrevi um post a um bloguista, tipo carta aberta, que poderá ler se tiver interesse, no meu outro blog "Mariz2".
Escrevo isto não vá vc pensar que a carapuça lhe servira, mas ao contrário, saberá melhor com quem está a lidar.
Mariz
pois é, eu ler li, mas fiquei sem saber o que dizer. mas lá que acho que é, preciso imaginação para escrever uma coisa destas, isso acho. mesmo com pés e cabeça eu não era capaz.
bem vou à vida que a vida está difícil.
Amigo, preciso do seu apoio para ver se uma minha amiga conseguia ajudar, que me cedesse uma das suas belas histórias e eu fazer um leilão!
Venha daí.
Um grande abraço.
Imaginação não te falta ;)))
Abraço.
Venho desejar bom fim de semana.
Sem pés nem cabeça é que este texto não é de certeza! :)
Pois está explicado porque é que há tanta coisa agora sem pés nem cabeça!... A gente olha para um lado e vê as cabeças, olha para o outro e vê os pés (pelo menos, as chanatas) e presume logo que pelo meio haverá um tronco e umas pernas, mas não! Andamos muito mal enganados!...
:)
este texto devia fazer parte do catálogo da exposição...
Legível,
Ao menos, Li Sai Só não saíu só. Saíu com a percepção e o conhecimento das pernas. E talvez também com a hérnia agravada, mas isso sou eu que estou a inventar, lembrando a cidade vizinha de Estarempé Saikaro...
Tudo é possível do outro lado do espelho. Pois se até do lado de cá entram pernas à revelia...
E tenho dito :)
Abraço.
fantasia, lá venho eu pedir de novo apoio para a minha amiga Dominique, vá lá, vá lá, apenas uma opinião natalícia ...
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