O DESFAZEDOR DE HISTÓRIAS
Encontravam-se reunidas as condições para uma razoável(?!) história. Do cenário -passando pelos figurantes, até aos protagonistas: o passeio fluvial pelo Douro cumpria-se conforme o previsto, a paisagem soberba não tinha faltado à chamada tal como a menina da agência tinha prometido, com a animação que as gentes do norte põem nestas jornadas (é verdade, não me lembro de ter reconhecido a bordo fisionomias ou falas vindas da estranja) e de um jovem casal que -ia jurar (e se assim não fosse, mudar-lhe as intenções pondo-lhe nas bocas e nos gestos palavras minhas não seria coisa do outro mundo) estava ali a iniciar uma outra história, essa pontuada de amores prometidos ou paixões incontroláveis. Quando me preparava para captar a imagem base para esse relato, o João -adepto confesso do azul-fcp, mas de t-shirt vermelha, decidiu interromper-me o verde-esperançoso processo criativo apontando-me a sua câmara digital. Do jovem casal, ficou o gesto dela a segurar a saia que um súbito golpe de vento malicioso pretendeu levantar. Dele, o joelho como que a definir a posse... territorial. Da nesga de rio... Bom, isso são outras histórias.
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Para que não se diga que me limito a escrevinhar fantasias, eis um pequeno apontamento de um dia que passei no Norte. O puto portou-se lindamente quando lhe pedi para se enquadrar no texto, só me custou o preço de um gelado e nem cheguei a saber de facto se o seu nome é João... ou Francisco.
2008. Texto e foto de Alberto Oliveira.
30 Comments:
um João muito calculista!
Com que então encontraste um fotógrafo que te fizesse frente...ainda gostaria de saber o que ele escreveu no blog dele sobre ti...:P
bjs
...e a mim fica-me o sorriso bem disposto no rosto, por mais um texto bem escrito naquele registo irónico que tão bem desenhas!
Sim senhora! Atão é com gelados que vossa celência anda a corromper putos metendo-os já em andanças que não são bem para aquelas idades tenras. O meu amigo envergonhou-se, foi, mas de escrever sobre o casalinho de rolas. A garina, seduzonazona, faz o truque da Monroe pondo o vestido a dar a dar com o vento, mas ela aqui sai-se melhor que a Marylin, ficou tão sensualona que ainda me está a dar uma coisa! O gabirú lá vai metendo o joelho prá pelingrafia - o que eu acho é que ele quer também um gelado.
Havia rio?
Olá Alberto
Ainda não houve uma única pessoa que, tendo viajado no Douro, esteja arrependida. Pelo contrário.
Quando de lá voltar veremos o que hei-de narrar.
Abraço
fez-se foi o rio vermelho, tal a força ds t-shirt
E eu subscrevo o que a minha amiga Justine disse!
É bom vir aqui e ler-te!
Abraço
Disse o João ao Fazedor de Histórias:
- O que tens aí dentro do saco que carregas?
- Saco, qual saco? - fingindo não ter percebido o alcance da pergunta.
- Essa sarapilheira, a teu lado.
- Ah! isto... é... é uma coisa para deitar fora.
- Não é uma coisa, está a mexer-se - de facto, o que quer que fosse o conteúdo, agitava-se nervosamente.
- É uma coisa que mexe, ora.
- É uma pessoa que vais atirar ao rio? - perguntou num murmúrio.
- Disparate! Eu lá era capaz de tamanha coisa.
- Então?
- Chega-te aqui - e, ao ouvido do miúdo, segredou: - no domingo passado, ia eu a caminho do Alvalade XXI, pela Segunda Circular, quando me aterra na carroçaria a... - olhando em redor - a Águia Vitória. Verdade. Juro. Tenho-a aqui para a devolver à natureza, longe do sítio onde ela trabalhava. Não contes nada.
- Vou fingir que acredito...
Oh azarrrrrrrrrr!! O puto meteu-se entre os pombos e a tua história. Agora vamos ficar sem saber!
danação...
Engraçado, na foto, pelo menos em primeiro plano, só falta o verde.
Deve ser por estar no texto. Ou no gelado do João / Francisco.
Ah, escrevinhar fantasias, como se diz no Norte, também está bem!
E passeios no Douro idem.
Além do mais, gostei do título.
SMILE! YOU'RE ON CANDID CAMERA!
:)
Agora vou pôr-me a imaginar a história que tu contarias sobre o casal e o rio, não fora a brusca aparição do desfazedor. Sim, que eu nem quero pensar que enveredaste pela contratação de mão-de-obra infantil. Toma lá um geladito e vai-te curar, não é? Tu não me desiludas!! :)))
Beijinhos.
.querido Alberto
__________já fiz essa viagem algumas vezes
.o_____Douro____o encanto permanente_____...
gostei de texto:)
beijO____C____carinhO
Olha!
Não é que gosto de ter ver esboroar estórias?
Por mim podes continuar. Levemente sinuoso como o curso do Douro. Ou aguerridamente deitado em fantasias de papel.
Dificil, dificil... será veres-te livre da minha presença.
Abraço com sorrisos.
pois, mas a não ser que ele se chame Ernesto, que importância tem um nome?
se havia um cronista atento (e havia, não tenho dúvida, apesar do verbo na condicionante) - não é que à sua frente, não diria um clone, havia, senão um cronista, pelo menos um projeto de...?!
rss!
deixo um abraço fraterno.
Gostei do texto e também gosto das fantasias!
Não acredito... Nenhum adepto do fcp que se preze usaria vermelho! Cor de rosa ainda vá...
Está gira a foto (e claro, o texto) :)
Bjs
Salvé!
Vim dar uma vista de olhos pelo seu blog e sorrir; porquê? Porque comungo dessa sua postura "turística" de que: quem vier á "procura de algo mais" que não simplesmente ler o que estiver aí, dando-se a conhecer pelo que é, sente e se "alimenta" de palavras rasgadas a gosto e da emoção ou talvez não do que outros nos deixam...só!
Porém..e sou sempre muito directa, ou irrequieta nas minhas opiniões, ninguém diria, que uma pessoa que se descreve tão "acentuadamente" e acredite nisso - pois foi esse "o sentir" que me transmitiram as suas palavras - simplesmente não se deixasse levar ao sabor de alguma brisa suave....ou de alguma núvem que se desenhasse no ar azul.
Peço desculpa pela divagação, mas foi a forma que encontrei neste momento, para descomprimir um pouco - mesmo que raramente aja sobre tensão.
MAriz
ESPAVO! - como em MU
(penso ser a unica pessoa nesta blogosfera a utilizar esta saudação que um dia - não muito longínquo - servirá para todos).
Como eu gostei de subir o Douro!!
Um abraço.
a ficção cruzou com a realidade e subornou-a um bocadinho???
mas o Douro é sempre um passeio agradável.
Bom fim de semana!
Ouça, amigo !
Papel de Fantasia?
Lindas as suas histórias mas fantasia nós também lá temos na
Casa.
Encantados se lhe der na real gana de nos visitar.
Loulou
rio acima rio abaixo
douro ouro
troco a foz,
beijo
~
... a
in-ven-tar de-va-ga-r o teu
nome,
O João é amoroso, querido mesmo! Eu acho que era o João quem estava a precisar da história e não o casalito que estava para ali a arrulhar eles meios passados com uma dose intensa de hormonas nas tintas para tudo e para o Doiro.
Recomendo a todos o cruzeiro de passagem de ano no Douro que é espectacular!!! O barco chama-se Magalhães mas não tem nada a ver com o PC do Sócrates (rsrsrs!)
Beijinhos, mocinho.
...já calculava...não consigo distinguir as tuas fantasias das tuas realidades (assim no plural e tudo)...mas também não admira...ao tempo que andas, afanosamente, a apagar sem pudor aquela linha (tão certinha que era uma mimo de se ver) que tão bem cumpria o seu papel divisório...agradeço, portanto,estas notas de rodapé que são uma imprescindível ajuda na compreensão e interpretação dos factos descritos.
(... quer dizer que aquela cena do Meia de Leite e do homem que se atirou ao rio com a marmita era tudo fantasia...? Que chatice!!)
Boa escolha, o Douro. Quanto ao João ou Francisco... diz lá se não forneceu um bom "blog material"?... :)
Bom fim-de-semana!
O Douro...
O Vento...
As Gentes...
As Histórias...
Cenário perfeito para a desconstrução dos sentidos.
Sentir apenas
Beijos
Maria Pedro
Tu ... e os teus olhos marotos.
Onde uma romântica vê rio Douro, um gajo vê um rabo de saia, literalmente falando.
(passei por ti, não no Rossio mas aí num comentário cruzado e pareceu-me que dizias estar num escritório manhoso e bancário, a conceder empréstimos. Fiquei aflita não vás ser tu nacionalizado...!)
Bj
Alberto,
O apanhado dos apanhados :)
...daqui a uns anos ainda nos ha-de vir ter às mãos, um livro que explicará o trauma que foi, aos sete anos, ter apanhado um estranho a fotografar o rabiosque da mãmã :)
Do Douro, rezará outra história :)
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