DA INTERPRETAÇÃO DOS TÍTULOS
Sorriram-lhe os olhos quando leu (em letras garrafais) a designação do espaço jardinal. Finalmente, algo à medida dos seus desejos mais secretos: manipular a seu belo prazer -como se tratassem de soldadinhos de chumbo, criaturas que devido às suas reduzidas dimensões não teriam argumentos físicos para ele. Ainda não tinha completado dois passos após ter ultrapassado de rompante a entrada e logo se fez ouvir num altifalante a gravação de uma voz que solicitava "Pedimos aos residentes deste jardim que caminhem com o máximo cuidado para não pisarem os amigos visitantes". À hora certa e no local errado, estarrecido, apenas teve tempo de ver o gigantesco sapato que se abatia sobre a sua insignificante cabeça. A escassas horas depois e a alguns quilómetros dali, José Hera, dono do restaurante Temperos de Sonho estranhou a demora do doutor Funcho. "Adventícia!" -pediu à cozinheira "Põe uma dose de jardineira num taparuére e guarda-a no frigorífico. Isso hoje está tão bom que até dá vida a um morto!"
2008. Foto e texto de Alberto Oliveira.
30 Comments:
Espero mesmo que essa jardineira tenha poderes ressuscitantes...coitadito do anão...:P
bjitos
(( sou pedra de aldeia
sou colo sub
terrâneo que anoi
teço
- viva ainda :)
aventícia ai!!
... argumentos físicos!!! :))
beijo
~
voltei da minha ausência!!
beijão
ácido, cortante, bom: muito bom! - o presente texto...
mas sabe o que é melhor, Amigo? - é perceber, tanto tempo depois, quando tantos, assim como eu, por uma razão ou outra(s), deixam de blogar (ou só esporadicamente)... e continuas firme e forte, presenteando-nos com tua prosa, que tanto gosto, admiro, respeito.
um abraço fraterno.
Olá Alberto
Requien para um pobre liliputiano.
É claro que os ditados portugueses têm uma origem. Hoje ficámos a saber uma delas.
Imagino o tamanho de papa-formigas desse jardim...
Um abraço
... não vou mais longe... fico mesmo pelo portugal dos pequeninos!
:)
Ai credo homem!, que de repente me remeteu para um quase imaginário infantil!! lol Liliputianos, princesas bem terinadas nas lides de casa, cuidadando dos lenhadores irrequietos, etc e tal. Adventícia - a fada da cozinha! Seja bem aparecido e saudações especiais desta que o admira e lhe agradece sempre a simpatia. Um abraço. Até breve. Azul.
venho anestesiada dos canais ... sim, mas gostei do teu jardim.
De gigões e anantes fizeste brotar história de dar que pensar. Moral da dita??? Debaixo dos pés se levantam os funchos? Com títulos tolos se enganam os parolos?
Saboroso regresso, Amigo.
Beijinhos.
Agora comes anões, é?
Delicioso, em todos os swentidos...
Feliz semana.
Aiiiiii :)
Pisaste-me os calos! :-D
Beijos e sorrisos
ufa
finalmente cheguei aqui...
Qual é o endereço do Temperos de Sonho? É longe? ;)
Eu regressei de férias... eu estou fraca...com um ar um tudo nada deprimido, que não condiz com a cor da minha cútis...estou esfalfada de fugir ao trabalho que teima em perseguir-me em ímpetos alucinados de corredor de fundo...eu ainda não estou preparada para este papel que nos atira tais fantasias...eu vou tomar qualquer coisinha...eu já venho...com licença.
Non-sense puro e duro!! Delicioso o humor, como deve estar a tal jardineira...:))
Abraço, em troca do sorriso que me ofereceste
Espera aí.. li três vezes para me situar.. mas diz-me, o doutor funcho acabou repasto no restaurante? Jardineira de anão?? ca gaita.. não me digas..
Só tu, legíkill ou legihide :)
beijos
felizmente foram inventados os taparuéres e os frigoríficos...
Estou de volta com um pedido de desculpa por não ter avisado que ia tanto tempo de férias. É visita rápida. Voltarei de novo para estar com tempo.
Há sempre um alguem maior de sapato espetado para matar a sua barata voadora favorita, é o que é!
Tenho tantas saudades do tempo em que eramos todos «feios, porcos e maus» e havia um catálogo de pecados familiares disponível à porta de todas as catequeses!
Comecei por ler o que julgava sátira a uma estátua rente ao chão que sua ex. viu algures no leste e apareceu no telejornal (na ocasião pensei: pouca sorte olhar as saias da maria enquanto por aqui vemos eslavas).
Depois reflecti que com esta rentrée polkítica e outras, te deu para o negro, uma obra de funcho ao negro. E não me convides para esse restaurante que não sou nenhuma adventícia, como sabes. Antes o "facho" ou seja, o farol!
Bjinhos p'ráí (boa, a volta do amigo Legível-a-mente)
Foi hoje a minha rentrée!
Beijinhos.
Gostava mesmo de saber de onde te poderá vir tanta criatividade! Esta, eu adorei... é genial. A ironia da falácia de quem não se reconhece na sua pequenez e acaba, morrendo devido a tamanha pretensão. Quem dera a vida real fosse tb sempre assim, ironicamente justa.
Beijos pequenos, mas no estilo da Teresa Salgueiro que acabo de ouvir a cantar Coisas pequenas.
Delicioso! A realidade (a nossa e a dos outros) é sempre relativa...
e não dá direito a mundos paralelos, embora haja quem funcione às vezes assim...
Óptima semana
tudo me encanta, mas os nomes... os nomes fascinam-me!
beijo
Este Papel de Fantasia cada vez brilha mais!
Beijinhos e sorrisos, Senhor das rimas:))
Estive a ler e a ver agora as tuas duas últimas. Ti tens muita piada, rapaz.
Amadeu Golias detestava pastilhas. Tinha provado uma, há muito tempo, quando era pequeno, melhor dizendo, quando era novo, que Amadeu Golias nunca tinha sido pequeno, e não tinha apreciado o gosto e a sensação. Pareceu-lhe que estava a chupar a câmara de ar do pneu de um tractor.
Se não gostava de as comer, tinha verdadeiro horror a pisar as pastilhas que os outros atiravam para o chão. Por muito que tentasse, não conseguia perceber o acto de atirar tão perniciosa coisa para o chão. A quem o fazia, chamava todos os nomes feios que conhecia.
Naquele dia, ao entrar distraidamente no Jardim dos Anões, desfrutando da brisa de fim de verão, foi surpreendido com o ligeiro prender do seu pé direito. Tinha pisado uma pastilha! Atirou logo com um chorrilho de nomes: "sacanas", "filhos de uma cadela sarnenta", "remelosos"... e outros que não é de bom tom reproduzir.
Ao pé coxinho, procurou um ramo com o qual haveria de retirar a pastilha da sola. Quando, por fim, se sentou no banco de jardim, de ramo em punho, não deixou de reparar num maravilhoso aroma a comida e na estranha figura que acabava de penetrar no jardim: uma pequena figura, olhava em redor, com uma caixa de plástico na mão.
- Senhor Funcho - gritou ele.
- i´m snoWhite!
i´m
home, boys!
[ sei, sei que envelheci,
mas sou eu! :))
~
há tanto tempo que não vinha aqui.
corri e saltei pelo jardim...
coelhinho
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