EM CONTRA-MÃO
Pertence ao alargado grupo daqueles que tremem por tudo quanto é sítio quando são obrigados a conduzir-se no país dos bifes com batatas fritas e ovo-a-cavalo, exercitando-se muito antes mentalmente em animadas e complexas sessões "esquerda-direita", "direita-esquerda" a ponto de se baralharem por completo, deixando-se ir "rodando ao centro", que é como quem diz, pisando permanentemente o traço contínuo da esperteza natural, tão cara a tantos luso-encartados. Escrevo sobre o meu vizinho Florêncio que não o fez por menos: treinou logo pela manhã numa rua da cidade com sentido único, manobrando o Fantasias, garboso corcel topo de gama com tracção às quatro patas, não fazendo caso dos avisos do cão Fantas "que o 35 da Carris se aproximava em sentido contrário."
2008. Texto e vídeo de Alberto Oliveira.
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Obs.: Todas as personagens e situações deste texto, são fruto da imaginação delirante do autor . Quaisquer coincidências com a fantasia, são puras semelhanças com a realidade.
27 Comments:
Mas ao menos era uma rua com dois sentidos? :p
Mas realmente é uma falta de consideração, com um passeio tão jeitoso para passear o cavalito... :)))
Bjinhos e bom domingo!
Albertamente Legível
Esse deve ter saído da feira da Golegã a preço de ocasião e sem direito a aulas de código :))
Mas como a cavalo dado não se olha o dente...
:))
Beijos e sorrisos
Andamos tantas vezes em contra-mão, que nem reparamos nos eléctricos que estão à nossa frente...:)
coitadito do cavalo, eles gostam é do cheiro da terra e não do do tubo de escape...bem o podiam ter levado em contra mão para outro lado...:)
bjitos para si e para a sua senhora que há tanto tempo que não faz uma aparição neste mundo...:)
Falta aqui qualquer coisa. logo agora que eu ando com os delírios em baixa tenho de puxar pela imaginação para saber o que acontece a seguir? Posso ter uma ideia mas, Mr Légible, eu gosto é de te ver a explicar!
"bida de cabalo".. enfim
bisous
Não há nada mais fascinante e cativante do que conhecer in loco novas culturas.
Assim o fiz mais uma vez.
Sou uma privilegiada, Deus tem sido meu Amigo por me proporcionar momentos tão magníficos.
Consegui realizar mais um sonho na minha vida.
Noutras áreas a coisa não corre muito bem, mas a Esperança é a última a morrer, continuo diariamente na luta por aquilo que quero, hei-de conseguir.
Beijinhos.
Boa semana.
Também regresso HOJE depois de 12 dias ausente.
...penso que Florêncio está a fazer uma tentativa honesta para interiorizar a noção de faixa, o que numa rua de sentido único se torna muito mais fácil. Aconselho este exercício matinal a todos aqueles para quem um traço contínuo ou tracejado é apenas uma idiossincrasia rodoviária agravada, no caso das curvas, por uma insólita perversidade; bem como a todos que rejeitam a obsoleta ideia de uma estrada poder ter dois sentidos...quem lá vem que se desvie e, neste caso, acho que o 35, não teve outro remédio...é bem feita...têm a mania que são grandes...!
Sendo um cavalo (com um trote realmente encantador para os ouvidos... estou a falar a sério!... é um som lindo!...) não pode andar em contra-mão, mas apenas, se isso fosse possível, em contra-pata... Porém, as autarquias e as direcções rodoviárias estão-se borrifando para os peões, quanto mais para os cavalos!...
Divulgação
Onde estavam os adolescentes no 25 de Abril?
“Na Terra do Comandante Guélas”
António Miguel Brochado de Miranda
Papiro Editora
Papelaria “Bulhosa” Oeiras Parque, Papelarias “Bulhosa”, FNAC ou www.livrosnet.com
Filmes de Apresentação no “Youtube” em “Comandante Guélas”
www.camaradachoco.blogspot.com
positivamente, "em contra-mão"!!!
por meio da poesia se conhece melhor a "alma" de um povo. tu, meu Amigo, por vezes "camuflas" a veia poética nas tuas crônicas satíricas, que tanto gosto! - mas, não tem jeito: em ti, vive a poesia, vestida de prosa (é o caso do post anterior).
um abraço fraterno.
...E por momentos achei que com mais um esforço de imaginação tinhamos chegado ao "faróeste"!
patas espalhadas por todo o lado e o bom do Florêncio no chão deitado
Estava a ficar aflita sem perceber muito bem onde me levava o passeio pelo texto, se pela direita se pela esquerda, quando no fim encontrei a tua obs!Uff, assim está bem, já está tudo esclarecido!
(P.S.: O Fantasias conseguiu fugir, não conseguiu??)
Olá Alberto
Registo com muito apreço a edição destas curtíssimas metragens onde, ao contrário das dições anteriores, a ilustração sublinhava o texto.
Agora, o compromisso está invertido -- Parece-me -- e temos à nossa frente «Um operário em construção» tanto do guião como da «fita».
Aguardo as próximas edições para confirmar meu optimismo.
Um abraço
Salvé Alberto
Realmente essa da contra mão e da tracção ás 4 rodas - ou como lhe queira chamar - não posso comentar, porque nunca conduzi....fui conduzida -(?)
Também fiquei a saber - não por cusquice - que a tal arte de palco, era o fado e que se reformou(?)em tempo antecipado...já somos dois - pre-reformei-me aos 42.
E soube ainda...que a sua senhora não tem aparecido nas lides públicas...também ela fadista, suponho?! Desta arte não comungamos - não aprecio fado, pelas razões já apresentadas e não quando certas "tias" cantam, nas reuniões familiares ou de fim de semana...
Para terminar, concordo quando diz que a maioria troca a direita pela esquerda e vice-versa... como eu concordo com isso!... tanto, que nunca mais votei pouco tempo após o 25 Abril. Vi, in loco o sonho desfazer-se, depois de alguns anos a lutar por um lugar ao sol, "PARA TODOS"! Aí sim, senti o que era o FADO! - agora já tudo me passa ao lado!
Abraço
Mariz
É assim...
Boa semana.
Fantasias apresentou o Lisboa Viva ao embasbacado motorista e manobrou para a parte de trás do autocarro. Relinchou por não ter onde se sentar. "Não se pode andar de transportes públicos à hora de ponta". Florêncio teve mais dificuldade em introduzir a lança no 35 que o cavalo. Ora batia de frente, ora de trás. A certa altura, querendo-a fazer passar pela abertura no tecto, acertou em cheio na testa da D. Balbina, que o mandou ir pentear macacos - por outras palavras. Florêncio encolheu os ombros, já estava habituado a que os não compreendessem. Arrumada a lança, bateu no dorso do Fantasias e bateu com os calcanhares no chão do autocarro. Gritou: "Para os Moinhos da Funcheira"!
Fantasia, conheço a história de um galo Florêncio que, não andando propriamente em contra-mão, por ser tão vaidoso e "garganeiro", um dia caiu a um poço, porque nem se deu conta lhe espelhado na água estava ele e não um intuso qualquer.
Tanto se inclinou que ... catrapuz!
Continuo a gostar de te ler.
Quanto a Tomar, também por lá não irei, mas que gostaria, gostaria.
peço desculpa pelo lapso, mas queria dizer «nem se deu conta que ...»
ai amigo, coitadito do cavalinho.
e coitado de mim que fui ao post de baixo e até me apareceu uma lagrimita de saudade ao canto do olho ao ouvir a voz da minha querida Amália.
Ernesto, o avô
Venha conhecer os meus tios.
Muito obrigada pela atenção.
Passei por cá para felicitá-lo pelo seu fantástico "Fado Mortiço" na Minguante... um dos melhores textos, em minha opinião, da última edição!
P.S.: o "Fado Delirante" também tem muito que se lhe diga...
No comments baby. You know that I like the left side of the road and the british way of being odd.
Agora a baralhação ao centro, o pisar o risco, etc. essa coisa parece-me bem portuguesa.
Bjinho
E quem venceu? na encruzilhada entre o animal e os autocarros da Carris, pistas só para equideos!! (tinham é que se fazer alguns jardins, para pasto dos ditos enquanto se trabalhava...)
Boa semana!
Tive um grande desgosto porque apanhei ali a nossa amiga bettips a falar estrangeiro. Palavra que fiquei triste! E eu que a tinha na conta de miúda atinada...
Mas, se não era disso que eu queria falar aqui nesta escritura, seria de quê? (tenho que deixar de beber colesterol que me está a entupir as artérias do cérebro... ou é o cérebro que entope as artérias? Deve ser... quando se anda a tirar fotografias a azulejos ... os carros param todos à espera que o fotógrafo se arrede. Mas isso é outra conversa)Ah! O cavalo do Floripes!
Eu, realmente, tive a pachorra de ouvir a curta-metragem e esforçar-me por perceber. E percebi que:
- Fantasias do Floripes andam em contra-mão.
- Está tudo baralhado e ninguém sabe para que lado se voltar.
- Anda tudo a pisar o traço contínuo (resta saber se o dito está em decúbito ventral ou dorsal pois já sabemos que ele não sabe para que lado se virar)
- A rua do Florilégio tem segundo sentido.
Eu cá ouvi a coisa e pareceu-me que o cão Fantas ia ali por baixo a chocalhar duas cascas de coco e a latir o fado da desgraçadinha.
Prontossss!
Legível,
Cá para mim, o cão Fantas tentou assustar o garboso corcel, que ia no melhor dos sentidos, o sentido que lhe apetecia seguir, com pouca ou nenhuma influência do Florêncio - nem, para rimar, e mais ou menos dentro do espírito do post anterior, da Florência.
A imagem não mente: os carros, bem à portuguesa, estão todos estacionados em contra-mão.
Mai nada.
Bom fim de semana.
Olha que admiração... É um cavalo da pura raça lusitana. Qual direita, qual esquerda, onde puser as patas é o seu (dele) caminho. O eléctrico que se desvie. Corre, corre, cavalinho, não te rales com o Albertinho!
E um beijinho.
o que tu não contaste é que era o cão fantas que vinha a conduzir o autocarro...
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