A IMPORTÂNCIA das SOMBRAS na CLARIDADE
... é bem claro (?!) que ainda não sei exactamente o que fazer com esta imagem. Que quer dizer o mesmo que, "que texto lhe hei-de juntar logo a seguir ?". Porque se escrever sobre a claridade que vinda do exterior e ultrapassando a porta, se instala na porção visível duma sala aparentemente nua, isso é o que qualquer olhar de relance acaba inevitavelmente por constatar. Ou acrescentar que o cinza-claro do chão é recortado pela mancha da claridade solar exterior, que o verde do relvado é... verde-relva (pois está claro!) , tem algumas peladas pouco agradáveis à vista mais exigente e que... a fotografia fala por ela própria. Nem vale a pena acrescentar que há uma porta metalizada... Só não daria por ela quem se fizesse de desentendido. Ah! eu sabia que faltava qualquer coisa: as zonas sombreadas na reprodução, que não anulam a luz que nela irrompe. Pelo contrário: valorizam-na. Mas subsiste a questão inicial: onde estão as palavras que poderiam com o mínimo de consistência, contar uma história credível referente a esta imagem? Não me ensaiaria mesmo nada, de vos afirmar que, mais à direita da porta, num ângulo que a máquina fotográfica pudicamente não captou, um par de enamorados se beijava loucamente e do lado oposto da sala, uma menina de laços violeta no cabelo, pela mão de uma mulher grande, loira e de vestido amarelo com comboios azuis estampados, olhava surpreendida o quadro enorme na parede, representando uma natureza-morta-absolutamente-defunta. Mas isso seria demasiado fantasioso e não mereceria a vossa compreensão e tempo perdido na leitura.
Serralves, 2006. Texto e foto de Alberto Oliveira.
38 Comments:
estou maravilhado.
as voltas na volta da imagem
que a brincar vai contando
histórias imperceptíveis.
foto(a)Grafo.
Confesso que estas são as minhas imagens preferidas... são geralmente o começo de alguma história e isso é entusiasmante!
:)
Beijinhos
Nunca é tempo perdido ler-te.
traças o cenário onde tudo é possível: tudo acontecer tão possível como nada.
e igualmente: coisa nenhuma se capta dos brancos apenas levemente tingidos dos jogos fotográficos nos outros olhos de máquina
...
que a sombra se parte em duas: uma estática permanece a outra que se vai.
em todos às vezes essa vontade que mora que desce e se remete de novo a si cerceada pela distância sem metros sem kilómetros uma distância por dentro vagamente real subtilmente ilegível.
cerceada de aparentes abismos de luz
...
.beijO.de.luz.e.sombra.
É sempre delicioso ler o que escreve. Adorei a metamorfose da sala.
Um abraço
I DON´T WANT TO BE A BUTTERFLY
ANYMORE !
D MARIA
As sombras são fascinantes!... Às vezes estão mal colocadas, mas nesta foto estão exactamente no sítio certo!... Fazem lembrar-me Hugo Pratt e o seu Corto Maltese...
(Combóios azuis num vestido amarelo?!... Bolas! Que combinação rara! Uma verdadeira obra de arte, sem sombra de dúvida nem sombra alguma, aliás!)
ói aí ó vizinho! decerto que no lá de dentro da sua porta não estaria um doce a ser comido que é verbo que, cuidadosa de mentes deste calibre, me apressei a fazer delet e substitui o dito por outro (de que não gosto que tragar é lá verbo de conto...) mas apesar de tudo e mesmo assim, levou ao comentário traduzido que se viu...ó vizinho você não leva jeito! que isto quem torto nasce...
e disse!
Gostei da "clareza" deste texto diferente! :P
Amigo
será a importância da sombra na claridade ou...a importância da claridade na sombra...?
Pois é, estamos no Verão, e isso significa muita agitação.
Foi assim que a minha última semana se passou - é só eventos importantes; o lançamento do 1º livro do Amigo Augusto, do blog Klepsidra;
a exposição de pintura da Amiga Margusta e, para a semana terminar em beleza, queria muito ir ao lançamento do livro do Amigo Mário...mas, não vai dar, pois é em Vila Nova de Gaia.
Depois de ter recebido os convites...decidi pôr-me a caminho.
Fui conhecer o bar/restaurante Ondajazz - Travessa Arco de Jesus,7 - Campo das Cebolas.
Venham comigo a uma espécie de visita guiada.
Boa semana. Abraços.
«[...] tentar recriar em mim o olhar inocente da criança que fui, procurar ver as coisas como se as comtemplasse pela primeira vez, reencontrar a frescura que quase todos perdemos de olhar sem preconceitos racionais, tratar a distância como um dado e aceitar que as coisas longínquas não parecem pequenas mas que o são de facto, redescobrir a exaltante charada das aparências, perseguir alegremente o paradoxo do visível para atingir o que todas as crianças conhecem: a magia das coisas e o mistério de tudo.»
Gérard Castello-Lopes, Reflexões sobre fotografia
É assim na fotografia, é assim que vejo este teu texto. Também aqui eu pasmo com a magia e o mistério das coisas. Feita criança.
Noite feliz.
Um beijinho
reconhecia esta imagem até de olhos fechados....
mesmo o meu genero de textos
abraços
retive duas frases: "A importância das sombras na claridade" e "uma natureza-morta-absolutamente-defunta".
não gosto muito de comentar, gosto de reter algumas coisas que me ficam dos textos. foi este o caso :)
ahahhaha
essa dos namorados com uma voyerista fica bem!!! mesmo que tenha tranças!! Nada como um pouco de pimenta para arregalar a pestana à malta!
boa tarde
:)obrigada.
___________
eu diria que se saiu mt bem das sombras
para
a
claridade!
___________
um registo claro do lado oposto do "espelho".
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beijo.
;)))
E como eu gosto de te ler. Para a próxima tenta fazer uma daquelas fotos panorâmicas ou uma de 360º, e assim já podemos ver tambem aquilo que as somnbras escondem.
bjs
Caro Legível
E de repente os enamorados separaram-se em sobressalto. Do vestido da senhora loira saíam comboios que zuniam em todas as direcções, provocando ainda mais sombras diante da porta envidraçada numa tentativa vã de fugirem à natureza-morta- aparentemente-defunta que os perseguia desalmadamente. A senhora loira caiu redonda no chão e só a menina de laços violeta parecia fascinada pela cena e decidida a salvar os pequenos comboios de tão vorazes criaturas. Pegou na moldura e atirou-a ao vidro da porta que se estilhaçou em mil pedacinhos, caindo desamparados no verde relva que lançou um suspiro de enfado.
Prontus…esta poderia ser uma história para a foto :) mas penso que o seu texto está cheio de dicas para outras histórias. Fantástico, como sempre.
Tenha uma excelente tarde
São as sombras que nos montram a luz.
Beijinhos*
PS. Como eu gosto das tuas rimas!:)
Um texto diferente que acaba por nos prender para seguir o teu pensamento. Acabamos por saber tudo com apenas a foto de uma claridade! ;)
Gostei!!!
Beijos
a natureza absolutamente defunda e os comboios do vestido, traçam o começo de uma bela história. Será que a mulher ao olhar a natureza defunda se lembrava do marido morto na guerra ou era só pudor para não olhar para aquilo que há pelo menos 20 anos não tinha o prazer de experimentar? os beijos?
Quiça...
recorda-me...
Por favor vai aqui... e vê se tem algum fundamento e se podes alertar alguém... (fiquei preocupada)
http://jeunesfillesenfleur.blogspot.com/
Um abraço ;))
a nossa compreensão, yayayam a sombra... um dia li que a sombra produz claridade quando dois caminantes apaixonados fazem apenas uma sombra...
abrazo
É nas sombras que está a essência,pureza,onde nos vimos sem artefactos...
Olá passei para conhecer teu cantinho e fiquei maravilhada.voltarei
bjs naty
a importância das sombras...no poder da imaginação.
Gostei do poema que afinal saiu rima, ou seria o contrário?
beijos com alguns contrastes. :)
Eu diria mais, a importância da claridade na sombra.
Mas estou de luto, nem sei o que digo.
Coelhinho
... saindo e virando à esquerda, mais uns passos no jardim das rosas e eis que nos encontramos na casa do chá
o cheiro a jasmim é intenso, as abelhas não dão tréguas ao jacarandá e as camélias, desfolham-se em tons multiplos, serenas, protegem do sol excessivo a cabeça das crianças ... um-dó-li-tá... quem-tá-livre-livre-está
Enganas-te redondamente. Não consigo despregar os olhos da senhora gorda com comboios amarelos a viajarem no azul do vestido. A menina que traz pela mão interessa-se pela urgência do beijo dos namorados. E oiço-a perguntar baixinho: Que lhes aconteceu? A senhora dona da mão que traz a menina responde distraidamente: Hiper-realismo.
Beijinhos.
Beltrão era um tipo naturalmente culturista: não havia evento cultural sobre o qual ele não lesse. Não fosse aquela maldita preguiça natural, e ele ia a todos. Assim, não ia a nenhum - mas sabia deles, e isso bastava-lhe.
Tinha também uma flexibilidade mental que fazia inveja a ele próprio, às vezes - a outras pessoas não fazia, que ninguém lhe conhecia tal capacidade neuronal; a a ele só fazia inveja às vezes, porque das outras tinha preguiça em pensar nisso. A mesma razão que o fazia dar descanso às letras e lugar à música, já que se cansava depressa de mexer os olhos de um lado para o outro, atrás das palavras. Seria isto sinas do tempo? Beltrão metia a mão de fora da janela e encolhia os ombros.
Este texto sem sombra de... acessibilidade para o leitor, já vai longo, mas ainda me falta pôr o nome aos bois e uma iniciação ao quotidiano. Talvez a melhor maneira é contar sobre o dia em que Beltrão, por necessidade de pão, saiu de casa e encontrou uma girafa no bairro alto, ou talvez não.
É um verdadeiro encanto ler-te.
Um abraço.
Excelente trabalho a partir de uma foto, boa.
Tinhas logo que ir para o canto, podias ter ensaiado ao contrário, de dentro para fora, empurrado pela penumbra ias para à luz. Estou a brincar. Pode não parecer, mas são sidas como a tua, que mostram a categoria de quem escreve.
Um abraço. Augusto
o melhor é sempre o que não se vê... e já que não nos dás provas, só nos resta acreditar em ti... o imaginar que o que nos contas é verdade... vai dar ao mesmo :) um bj, p
... e nem sempre damos o devido valor às sombras...
Beijinho
Passa bem da uma da matina (vá lá, já escrevi a horas bem piores!). É de madruga que aqui venho, pela calada do escuro, em busca de luz. Não, não é de fé, e também não é de luz eléctrica, porque isso de andar a tentar fazer puxadas na vizinhança é muito feio. É, talvez, dessa claridade que rasga o silêncio de sombra que existe aqui e ali, um pouco em tudo quanto não nos acrescenta prazer ao ver, ouvir, escutar, sentir.
Venho aqui para "ver": o teu olhar sobre o exterior e a tua visão sobre as coisas... A fantasia, pois tá claro!, sempre embrulhada num papel de surpresa... Amarelo, com comboios azuis, pode ser hoje! :-)
Por isso te designei uma das minhas "maravilhas" (sim, bem sei que foi o que me fizeste - até discutiria contigo, mas já aceitei!;-) e nada de pensar que o devolvo - era só o que faltava agora!...). Que o menino é um Colosso, já não é novidade para ninguém (eheheh)... Mas que da sua mão direita (és destro, suponho!?) sai uma chama que me orienta a navegação blogueira noite afora, é importante que não restem quaisquer dúvidas, sff!
Pronto... Tem para aí um ataque de timidez e sem-jeitice à-vontade, que eu hoje tou de saída cedo e não fico cá para ver! ;-)
Fecho com um grande abraço, claro! :-)
PS - Serralves...!... Opá!...!...
pelo contrario, valorizam-na...
abrazo europeu
NA NOITE PASSADA APARECEU-ME
O(A) FANTASMA
DA FRUTA
QUE PERSEGUE O COELHINHO.
QUE HORROR!
D. MARIA
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