Sunday, March 11, 2007

GEOMETRIA DAS CIDADES COM ELÉCTRICOS



















desci no elevador
de santa justa
justamente a tempo
d´alcançar a baixa pombalina
de austero traço geométrico.
na conceição ficou-me na retina
o amarelo-lento d´um eléctrico.
de nada me valeu estugar o passo
um eléctrico não se apanha com compasso.
..............................................................................................
Lisboa, 2007. Poema e foto de Alberto Oliveira.

36 Comments:

Blogger Fátima Santos said...

e não vale mesmo de nada que o estugues
disso fiz eu um dia
há longos anos
corri ali ao Rato, desalmada
peguei-o de esgueilhilha
e o tipo foi-se
deixou-me estatelada na calçada!

por isso, tem cuidado!
demais, amigo
tu já nem para isso tens idade!
(e esta?! rss)

12/3/07 10:56  
Blogger PintoRibeiro said...

O título vale o post. Boa semana,

12/3/07 11:06  
Blogger esse said...

Eu sabia que os passos que dava eram de poeta, mas foi no amarelo-lento do eléctrico que lhe vi os olhos...

12/3/07 11:43  
Blogger SMA said...

Espera pelo proximo... é a unica solução ou então deixa-te agraciar pela baixa pombalina q é linda...

Bjo carinhoso e boa semana

12/3/07 12:39  
Blogger un dress said...

os eléctrico são como os comboios a vapor :)

feiToS de MaGia e LeNNN------Ti-dãO!!!

por isso não vale a pena apanhá-los em andamento...
mais vale ritualizar a espera e o prazer da chegada...:))

12/3/07 12:55  
Blogger bettips said...

"Ficamos na mesma não
que eu tenho sempre resposta
Queremos é dar a mão
àqueles que a gente gosta!"

...a minha homenagem! O meu sorriso qundo te leio, igual ao teu, apaziguador e amigo, ligeiramente cómico, e nostálgico, quando tem de ser.. Este pequeno apontamento é dum amarelo-ouro, precioso! Bjinho

12/3/07 14:00  
Blogger Sea said...

o meu :) sempre ao ler-te.
e é isso que eu gosto, o "amarelo-lento d´um eléctrico" que fica na retina.
beijo

12/3/07 16:23  
Blogger Lia C said...

Claro que não: um eléctrico só se apanha com tiralinhas!

(Fizeste-me lembrar o Eça. Aquele de Queirós, que a parágrafos finais dos Maias põe o Carlos e o Ega a correr para apanhar o "americano" depois de terem assentado na teoria definitiva da existência. E a Vieira da Silva, que era bem capaz de escrever o que pintaste ou vice-versa.)

Beijos muitos

12/3/07 16:27  
Blogger Rui said...

em cima do estirador,
um compasso feérico,
num vértice, o elevador,
no outro, o amarelo eléctrico

não se apanha com compasso,
na cidade dos elevadores,
passeia-se a pé sem cansaço,
e sem ligar aos calores

12/3/07 18:17  
Anonymous Anonymous said...

querido legível. se soubesses como gostei do que escreveste. foi tão bonito o teu comentário. um poema. e adoro eléctricos. és especial, e eu tenho orgulho em ser tua amiga. beijinho grande. e um abraço.

12/3/07 18:58  
Blogger bettips said...

Adenda: no teu comentário at my place, about Klimt, tenho uma respostita a ti, que gostarás, acho
Abç

12/3/07 19:41  
Blogger JPD said...

Olá Alberto

Acho uma delícia este texto.

A beleza da capital reside tanto na possibilidade de, do alto de cada colina, de cada miradouro, até de elevadores, se mostrar, ser vista, sabendo quem assim a observa que é sempre lá em baixo, ao nível da respiração que verdadeiramente se amará a cidade.
Digo eu, que acabo de descer de um eléctrico!

Um abração

12/3/07 21:30  
Blogger Pepe Luigi said...

Poema furjado numa formidável arquitectura de passos e contrapassos.

Um abraço amigo
Pepe.

12/3/07 22:35  
Blogger bettips said...

Gostei...evidente =zinhos de Londres! E nunca mais te confundo: em vez de me lembrar do Santo, lembrarei o Alberto Caeiro. Juro!
Beg your pardon.. e Abç

13/3/07 01:53  
Blogger Fortunata Godinho said...

Que saudades de Lisboa.
Que saudades desses tempos. Fecho os olhos e vejo-me, de facto, na lentidão de um electrico amarelo - não aí mas por cá:
que saudades da viagem neles, do Castelo do Queijo ao Palácio de cristal com a Prima Russa e o Vô.

13/3/07 10:00  
Blogger augustoM said...

Dos electricos amarelos, a mais saudosa recordação que tenho é do tempo de crinaça que andava na pendura.
Bonito poema do teu falecido amigo, e uma não menos bela apresentação do Zen. Tudo se move sem se mexer, e o tempo do futuro não passa de tempo passado, que nós teimamos em não aceitar.
Um abraço. Augusto

13/3/07 13:24  
Blogger Licínia Quitério said...

Depois de lido o compasso
e o tira-linhas da Lia
que mais posso acrescentar
a esta geometria?
Quem sabe um velhinho "afia"
para a lápis desenhares
o ronceiro do amarelo
que lá do alto se via
e que fugia...
fugia...



Um beijinho.

13/3/07 15:26  
Blogger Alba said...

Senti-me como se voltasse a andar de eléctrico, sentindo a brisa de Lisboa...Muito belo!

13/3/07 16:06  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

Belo poema!

Da nossa Lisboa - temos estes "quadros" lindos que lhe dão ainda mais luz___________mais beleza

Beijinhos com muito carinho
BSemana

13/3/07 16:35  
Blogger Maria Liberdade said...

Gosto de eletricos. E de poesias com eletricos...

13/3/07 16:58  
Blogger tb said...

Vale vir por aqui e ficar apreciando a compassos os velhos electricos que se acomodam nos ferros.
Agradecida pelos poeminhas. :)
Beijinhos

13/3/07 17:58  
Blogger mixtu said...

subi o elevador... o único que sobe... para descer tem que ser desmontado...

yayaya

excelente o teu comment, é de "male"

yayyaya

13/3/07 23:07  
Blogger segurademim said...

o d n a da cidade, dos eléctricos, da poesia, ou o teu ???

perfeito . delicioso

14/3/07 09:24  
Blogger Unknown said...

Só posso dizer que as ideias fugiram ou que as esgotei com tanto trabalho (que não acaba nunca)...

Que fique a certeza que aqui passei sempre... (mesmo que isso seja mais importante para mim do que para qualquer outro que aqui passa...)

Obrigada pelas palavras que aqui partilhas...

14/3/07 19:53  
Blogger passarola said...

fantástico!!! adorei!!!! mesmo!!!!!! :)

14/3/07 21:26  
Blogger 919 said...

não, realmente com compasso seria difícil apanhar um canário eléctrico... talvez à mão se consiga melhor... uns pirulitos nunca fizeram mal a ninguém!...

14/3/07 22:04  
Blogger Maria P. said...

Um eléctrico chamado desejo...


Beijinhos*

14/3/07 22:46  
Anonymous Anonymous said...

querido amigo. espero-te bem. hoje senti a tua falta. nem imaginas. uma necessidade súbita de humor e risos. desses que sobem pela voz acima e nunca mais acabam. se por acaso tiveres uma dose na gaveta. favor embrulhar e enviar. pago com estima pessoal e muito afecto. um grande beijinho *

14/3/07 23:04  
Blogger Maite said...

Caro Legível

Imagine que de repente fez-me lembrar que em 24 anos por cá nunca subi no elevador :( e já foram "milhentas" as vezes que passei ao lado dele e o vi sob essa perspectiva. Um dia destes faço questão de ir até lá acima.
Entretanto um eléctrico amarelo-lento rasga a geometria da baixa pombalina.

Tenha um bom dia

15/3/07 09:40  
Blogger Pyny said...

Gosto imenso destes teus posts! A construção parece ser mesmo simples mas ao mesmo tempo (e talvez por isso) têm um conteúdo fantástico! Queria por-te o desafio que me puseram também, o de responder àquela série de perguntas e publicar ou como comentário ou como post! Grande abraço

15/3/07 13:58  
Blogger Teresa Durães said...

olha... o meu cronista favorito mudou de estilo!

austero o traço, era a época do realismo, não era? ou engano-me? já nem sei! tenho miolos torrados com o sol dos dois últimos dias. Por este andar ainda apanho um escaldão acelerado!

15/3/07 17:07  
Blogger rach. said...

Adorei o ADN desta minha Cidade...mas sobretudo do da poesia.
Um eléctrico chamado desejo...
e olha que nem preciso de padre e de confessionário em nobre madeira

15/3/07 21:32  
Blogger manhã said...

é verdade que quase falamos do mesmo, das pequenas maravilhas da cidade histórica.

15/3/07 23:15  
Blogger Klatuu o embuçado said...

Ficou muito bem o conjunto. A poesia que ilumina lugares não é para qualquer... é preciso saber LER.

15/3/07 23:17  
Blogger isabel mendes ferreira said...

:))))))))))))))brilhante inclinação.

_______________eléctrica.


como o percurso das suas viagens...


e sim os eléctricos não se apanham:


deixam.se "apanhar" a passo descompassado...

enorme abraço oh Escritor!!!!!!!!!!

15/3/07 23:43  
Blogger Joana said...

e se fosse sexta, na chinesa devias almoçar!
O arroz de pato é um mimo e é sempre a aviar!
:)
é linda esta nossa lisboa!
:)

16/3/07 00:54  

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