O VISIONÁRIO PERIFÉRICO
Ontem aconteceu-me aquilo que habitualmente é designado por uma visão. No caso vertente, uma visão celestial, ou se quiserem uma visão do céu. Não. Não me imaginem a ironizar com qualquer espécie de fé, como por exemplo aquela que aconselhava adultos e criancinhas "se te portares bem vais para o céu.". Por um lado, confrontava-se o pessoal com a imagem simpática da viagem sem retorno e por outro, não oferecia a mínima hipótese de um cidadão experimentar o agridoce sabor de pôr o pé em ramo verde. Confesso que em criança, depois de me soprarem tão ternurenta frase ao ouvido, andei uns tempos sem ousar olhar para o alto, quem sabe se, com o receio de que o céu fosse assim um lugar onde poucos teriam assento e, no caso dos menos bafejados pela sorte, só lá se chegar com uma forte cunha.
Esta é uma visão digamos que mais materializável, assim arranje os patrocinadores certos. Porque não, utilizar o espaço celeste (ou o céu), para que os imensos problemas de tráfego e os custos (humanos e materiais) que eles nos acarretam, cessem de vez? Não estou a falar de transportes aéreos nem de pontes; sugiro que se ande... no ar. O equipamento que imaginei está aí. Experimentei ontem o protótipo e foi uma maravilha! Cá em baixo o pessoal atropelava-se nas passadeiras, os carros buzinavam, enfim, a confusão costumeira. Lá em cima passeei-me nas calmas, e apenas havia o carro do vizinho Euclides estacionado à sua porta. Um autêntico paraíso! E basta apenas colocar o zingarelho em tudo que seja sítio e nós andarmos de cabeça... no ar.
Almada, 2007. Texto e foto de Alberto Oliveira.
32 Comments:
O que é engraçado é o facto de só te aperceberes que estás no ar quando tens de regressar...
Não sei se isso resulta comigo, receio que fosse "um ar que lhe deu"!... :)
Perpétua da Dores colocou o nariz do lado de fora da porta e perscrutou o céu com o olhar míope. Voltou para dentro e demorou uns bons dez minutos a sair de casa. A primeira coisa que fez foi abrir um grande chapéu de chuva.
- Oh D. Perpétua - chamou o vizinho Euclides. - Não há nuvens. Não vai chover. Com este frio, o sol até sabe bem, para que vai de chapéu aberto?
- Você que ainda é novo, não percebe nada destas coisas. Então não viu na televisão?
- O que foi que eu não vi?
- Ora, a reportagem sobre umas máquinas que fazem as pessoas andar no céu.
- Pessoas a andar no céu?
- É como lhe estou a dizer! Já não me lembro é se foi no programa do Goucha ou no da Fátima... ando desalembrada.
- Mas explique-me lá como é que é isso.
- E eu é que sei? Só lhe posso dizer que fiquei muito assustada. Já viu se me cai alguma dessas pessoas em cima da cabeça?
- Então e é esse chapéu de chuva que a vai proteger? Você devia era comprar um capacete - Euclides riu-se.
- Não diga disparates, que eu estou velha mas não estou parva. Não vê que comprei este chapéu de chuva na mesma loja em que se compra o aparelho que faz voar? Não sei como eles fazem, mas prometeram-me que em cima de mim ninguém cai.
Um grande estrondo fez-se ouvir e o alarme do carro de Euclides começou a ganir.
De cabeça no ar, já andamos muitas vezes! Transformar isso num meio de transporte, é genial! Vai já patentear a ideia antes que alguém a roube!
a próxima vez, não te esqueças de levar o casaco que pode esfriar.. Este é um bom modelo para a ocasião:
http://blogs.publico.pt/gadgetodilo/
e que tal a fedra? não era a do maria matos?
boas quarta para ti também!!!!
Olá Alberto
Acho a proposta aliciante e a divulgação dela de uma generonisade costumeira em ti.
(Outro qualquer -- Não estou a fazer comparações. Deus me livre! -- calava-se para usufruir! -- Apenas peço um esclarecimento adicional: e os poços de ar: há maneira de evitá-los? É que se vamos lá para cima encontrar poços, fartíssimos dos buracos cá de baixo, a única vantagem é qual? -- enquanto descemos ou enquanto subimos?
Um abraço
Olá Alberto!
De repente, sobressaltei-me.
Em regime democrático, com maioria sociológicamente reconhecida, a quantidade de espelhos convexos a colocar para que os «buracos tapados cá em baixo» sejam ampliados e melhor vistos «lá em cima» podem ser encarados com naturalidade se, mera hipótese, os espelhos côncavos para ver »lá em cima» por serem tão reduzidos jamais deixarem de mostrar os melhoramentos na autarquia (!!!!).
Problema sério será a vandalização dos espelhos ao ponto de reunir num único suporte, espelhos ondulados na horizontal e na vertical -- perder-se-á a posição relatica; como irá saber-se onde se está e se o pior e o melhor de facto ocorreram?
Páro!
Páro!!
Páro!!!
Por já estar agoniado, tal é a má disposição desta tremenda oscilação entre o CON(C)A(V)E(O)!
Um abração!
Olá Voltei:))
O meu comentário de hoje, tem que ser assim um simples – olá e um muito sentido – obrigada – pela visita na minha ausência.
Isto é para eu ter tempo de visitar a todos.
Beijos com muito carinho
Então posso apreender que é uma experiência que recomenda? Mas como ter tal experiência mística...
Bjs carinhosos
bom, confesso legível que se bastasse andar de cabeça no ar para viajar efectivamente já há muito tínhamos dado n voltas ao mundo. Basicamente sou pela cabeça no ar, mas há também a cabeça na areia.e assim. bom é cada freguês seu gosto...
já faltou mais...
Obrigado pela visita ao meu cantinho.
Quanto a este texto está muito bem imaginado e descrito.
Acho porém que mesmo assim teremos que optar por vias secundárias. É que já se encontra tanta gente a andar nas nuvens....
Até breve
SE DEUS QUISER
Ola legível!
Sim de decisoes fortes o que nem sempre é bom ;).
Ando sem tempo para te ler, tenho exame na segunda. Prometo voltar depois.
Beijos grandes
chamar-lhe de zingarelho
deixá-lo assim designado
é mal que fazes ao espelho
é não ver para nenhum lado
mas reflicto no que escreves
releio duas ou três
concluo aquilo que queres
atentando nos dizeres
queres que a gente se distrai
que andemos todos à toa
enquanto vais ca patroa
vender
zingarelhos por Lisboa
(a autocrítica é uma coisa muito bonita mas perdi a minha distraíada aolhar para um dos teus descobertos céus)
... tou farta de visionar e só vejo uma rosa rosa livre de estufas, cheirosa e quiçá única
no ar ando eu sempre! para o céu só vou quando fôr velhinha a menos que o MST me passe a ferro amanhã... impossível ???
mas a tua viagem não foi má de todo, tens que me dizer o que é que andas a
:))))
ainda bem...pensava que era só eu que andava no ar à procura de ar...
:))))
passo para deixar um abraço...:))))
(juro que o meu enfisema não se pega...)
beijos também para a mais Segura de Mim...que é um doce...
_____________
não consigo entrar lá...a net está maradex...deve ser do simplex....
um ramo de buganvílias...
e obrigada.
Firmino lê, declama, exclama
Fez-se do desconhecido bloguer
Um amigo próximo, ali à mesma mesa.
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Queres espreitar as fotos do jantar?
e, pergunto: para quando um mega almoço-convívio a nível nacional, para os bloggers do norte, centro, sul e ilhas...???
Há alguém com coragem para começar a pensar em organizar um mega-almoço-convívio???
Beijokas.
Ó RUI, queres saber o que me contaram?
"E tanto o carro do Euclides ganiu que veio o polícia de giro. E toda a vizinhança, aos gritos: Eu vi. Eu também. Era uma sombra esverdeada. Foi cá um estrondo. Para sombra era bem maciça. Onde está? Para onde foi? Qual milagre. Que veio do alto veio. Ó sô Guarda. Tem de ver se a apanha.Já não é a primeira vez que vejo coisas destas no ar. Ó santinho, não será a sua cabeça?. Ofender não vale. Calma, calma.
P'ra já a rua fica vedada ao trânsito.
Tá bem, disse alguém. Pr'a próxima ponho ABS no zingarelho. E desta vez não foi nenhuma sombra que falou. Era o próprio Euclides. Mas lá que tinha relva no fato, lá isso tinha."
Não garanto que as coisas se tenham passado tal e qual. Mas que as Fantasias deste Papel andam a ganhar contornos extra-sensoriais, tens de concordar...
ALBERTO,
Obrigada por esta legibilidade.
Licínia,
Não és só tu que o dizes, nem eu. Ainda esta noite recebi um telefonema do ET a dizer-me isso mesmo. Ao que parece, o senso que daqui se escapa, já lá chegou. E em dose extra, como se quer.
Aguardemos pelo destino da coisa verde que cai do céu... e das sombras que por aí andam.
Eu já comprei assinatura anual. Na primeira fila.
basta um pouco de liberdade mental, alguma imaginação e onde é que vamos parar? Tudo é possível :)
um beijo
Li, gostei, abraço.
-Ó Pinho, mais uma vez com a cabeça no ar!!
- A culpa não é minha é daquele , ai , daquele que inventou o ...estava eu a fechar negócio....criação de uma nova empresa, novos postos de trabalho, mão-de-obra qualificada...quando me deixei levar por aquilo,...o zingarelho...e por toda aquela sensação de calma, de paz, e de verdade...
:) E o tempo até estava a condizer... Se fosse aqui... 8)
Beijinhos e bom fds :)
saudade.
só.
e beijos.
duplos.
Saber voar mais alto não é para todos, fazê-lo com plena pureza não é para todos!
Os adolescentes vão lá com a ganza, os políticos com a pança, e os adultos? Talvez com indulto, ou com um estado de maturidade muito superior!
Gostei de te ler, mais uma vez!!!
Eu ando de cabeça no ar à procura do tal céu, mas só continuo com os pés no inferno.
Um baraço. Augusto
Mas a causa de tantos acidentes em terra não é o facto de tanta gente andar com a cabeça no ar? Não seria mais aconselhável que essa malta puxasse os pés, as rodas, os chispes, ou o que quer que seja que as suporta, para junto da cabeça?...
querido legível. venho da licínia. é muito difícil ter argumentos. tu e o rui são imbatíveis. deviam considerar uma carreira "diz que é uma espécie de magazine" mas para melhor. para muito melhor. com direito a antena e serviço público de boa disposição. um sorriso imenso e votos de bom fim de semana. beijinho grande. alice.
Tem cuidado comigo que sou um balão verde que anda aí pelos ares!
Só me acontecem partes gagas! Agora sou samar! Caramba!
Não sei onde se meteu o «taime»!
Toma lá um abraço!
desculpem os mais sensíveis, mas nao resisto!
Epá falta mesmo no teu post é uns pastorinhos e uma oliveira...
Segui o conselho!
De tanto "enfiar a cabeça" no meio de livros e relatórios estava a esquecer-me que existe céu, que existe alto, que existe ar...
Quero lembrar-me mais vezes de andar com a cabeça no ar!
Boa semana!
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