Wednesday, June 21, 2006

O INTERIOR do POEMA



















Existem variados géneros de poesia menor; aquela cujo interior está vazio de coisa alguma, a que do seu âmago transbordam gritos de socorro onde não existe naufrágio, a que não admite que das suas entranhas apenas brotam palavras azedas de pescada mal digerida e... tantos outros (sofríveis) exemplos de como a poesia não deve estar recheada. Quem me conhece, sabe que sou de gostos requintados; que não confundo petinga com salmão, nem chamo ao gato, lebre.
Admiro os poemas que tragam dentro de si palavras novas; que possam fazer-me crer que, uma ave desenhada numa parede, consiga voar para horizontes futuros menos cinzentos, que estes que hoje contemplo. Uma ave desenhada numa parede, pode voar; assim lhe dêem asas no interior de um poema.
Almada, 2006. Texto e foto de : Alberto Oliveira.

32 Comments:

Blogger maria said...

Hummmmmmm!

Está muito bem dito, bendito, benedito (este não tem nada a ver com o outro...):)

beijos

21/6/06 19:56  
Blogger 919 said...

Eu estava convencida de que detestava poesia, mas desfizeste-me o equívoco... e eu gostei de saber que estava enganada!... Gostei mesmo!

21/6/06 21:56  
Blogger Teresa Durães said...

Estou.... estou... sem palavras...

(vai um legivel lá para as minhas bandas rebolar a rir - segundo o próprio - e chego aqui tenho de descalçar-me por afinal eu é que entrei no templo...)

21/6/06 22:54  
Blogger Teresa Durães said...

que raio de horas marca esta coisa????

21/6/06 22:54  
Blogger inBluesY said...

Hoje, não brinco com doces, mas admiro o que li, muito, é notável a capacidade do sonhar.

1 BJ

21/6/06 23:33  
Blogger Sentires Cruzados said...

«Paris, 17 de fevereiro de 1903

Prezadíssimo Senhor,
(...)
Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas.
(...)
Pois bem peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento.
Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever.
(...)
Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usais e demasiado comuns.
relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza — relate tudo isto com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança.
(...)
Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons.»
[ Rainer Maria Rilke."Cartas a um jovem poeta" ]

Com um sorriso e um beijo*

22/6/06 03:19  
Blogger isabel mendes ferreira said...

excelente "recorte"....


hoje está aberta a sessão.pode ir lá contar uma história. porque é só hoje.


abraço. e bom dia.

22/6/06 09:45  
Blogger Sea said...

acho que as palavras têm asas, dão liberdade... assim fosse tudo...

22/6/06 13:33  
Blogger segurademim said...

... um interior de boa indole! conta o recheio mais do que o invólucro, sem dúvida... as aparências iludem, tantas vezes

para esse pássaro tenho um bom prognóstico... irá fintar e brilhar, tal como a nossa selecção

enche o peito e voa, voa, voa

22/6/06 14:23  
Blogger 索菲娅 said...

Empresta.me as asas do teu anjinho para eu voar dentro do poema que é a minha vida?! Bxox

22/6/06 15:03  
Blogger JPD said...

Mas é isso mesmo que os autores procuram incessantemente: POESIA!
Belo texto, Alberto.
Um abraço

22/6/06 19:13  
Blogger alice said...

atrasei-me amigo ;)

desculpa-me por favor, queria ter vindo mais cedo voar nas tuas palavras, mas agora aterrei no interior do post

além disso, este último comentário que me deixaste é muito melhor do que o meu post, pelo que acho que vou pedir a reforma antecipada

beijo-te no coração,

alice

22/6/06 19:59  
Blogger Luna said...

Palavras, ditas,sentidas,sonhadas, palavras saidas da alma, são essas que nos fazem poetas e voar
beijos

22/6/06 21:13  
Blogger isabel mendes ferreira said...

gosto......:) e essa é fácil de tocar....



noa noite.

22/6/06 21:41  
Blogger Vanda said...

Talvez seja por dentro dos poemas que as pessoas consigam sair para fora...delas.

Ganhar asas.

E sonhos.

:) Espero que a neta reconheça a minha corrida contra o tempo, após o seu nascimento :)que ela ainda tenha tempo para me curtir :) o resto é poesia. Tua :)

beijo de noite feliz

Van

22/6/06 23:15  
Blogger Licínia Quitério said...

Vou provocar-te: Há poesia menor?
Estás zangado com quê? Por não encontrares poetas? Olha, vai ao http://zefanha.blogspot.com e encontras lá uma máquina de caçar poetas. Talvez seja o que queres. O que todos queremos. Só que não é nada fácil, pois não, Amigo?
Beijinhos.
Licínia

22/6/06 23:30  
Blogger Teresa Durães said...

(asas?)

23/6/06 03:22  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para noite:

Não sou crítico literário; se o fosse, naturalmente que não me sobraria muito tempo para me divertir pelo virtual.
De quando em vez apetece-me deixar por aqui a minha opinião; sem azedumes, sem procurar o confronto ridículo ou o desafio caricato.
Porque há quem não esteja receptivo a ler o que se escreve, confunde a "nuvem por Juno"; não entendendo a diferença entre o generalizar e o particularizar e "perde o pé".
Precisa de ter cuidado com as correntes, quem nada com dificuldade; ainda por cima, com o peso adicional de vinte livros publicados no bornal, o que é... obra!

23/6/06 08:53  
Blogger Rui said...

O gato desenhado na parede aproximou-se sorrateiro da janela. De olhos fechados, o pássaro espreitava para dentro de si, esquecido do resto. O gato sorriu. Encostou a barriga à parede e rastejou em silêncio, sentindo uma comichão nas patas dianteiras.
Aproximou-se mais um pouco. Estava agora perto do pássaro, que continuava imóvel.
O gato respirou fundo e ergueu a pata direita. Lentamente, colou-a por cima do pássaro. Já está, pensou.
Num movimento rápido e seco, tocou com a unha no ombro do pássaro, que abriu os olhos.

- Então, pá. A dormir?
- Não, estava a pensar em palavras que li.

O gato aninhou-se ao lado do pássaro e, desenhados os dois à beira da janela, ficaram a falar de palavras. E a sonhar.

23/6/06 10:03  
Blogger alice said...

bom dia, lindo ;)

li os comentários... estou triste

oxalá tu não estejas

desejo-te um são joão dentro do peito a voar tipo balão ;)

um grande beijinho

grande, grande

alice

23/6/06 10:59  
Blogger Joana said...

resposta ao desafio na fonte da mariazinha.
:)

(lá mais para o fim do dia de hoje... que isto de criatividade a metro está mau)
lol

23/6/06 11:14  
Blogger sotavento said...

Que é como quem diz, quem tem unhas é que toca viola!... :)))

23/6/06 14:00  
Blogger Sophie said...

Gostei de te ler.
Vou voltar.
beijinhos,
Sophie

23/6/06 14:40  
Blogger Sombra said...

Tem um belo fim-de-semana poético ;)
Beijinhos :)

23/6/06 15:39  
Blogger nnannarella said...

Caro Indescritível.

I
Pela minha parte, percebi muito bem a ausência de ti, quando chegas a casa.
Comovi-me com o diálogo que lá deixaste entre o outro-eu e o eu-eu-tu.
E sim, o sítio onde estavas era mesmo aquele onde pensavas estar.ah ah ah.


II

Hoje, dado o mote, brindo-te com um ovo da minha "larva" poética, que até tem a ver com estórias de ausências.


III

quando se cansava da vida dizia que
queria ir criar cabras para a patagónia
mas no fundo o que queria mesmo era
acabar a pintar rosas, como renoir


sabia que nada lhe passava pela cabeça
sem ao mesmo tempo lhe cruzar o coração
e assim via miosótis no saldo bancário negativo,
músicas de bach na vida a contra relógio


e após uns crimes e dias subversivos
achava-se pronta para novas agonias


______________

23/6/06 18:17  
Blogger Non said...

Muito Bem escrito.

Ainda bem que não sou poeta, no entanto.

:)

23/6/06 21:26  
Blogger Maria P. said...

Grande verdade, este texto. Sim porque neste país todos pensam que são poetas.
Bom fim de semana.

24/6/06 09:25  
Blogger Sonia Almeida said...

É por essas e por outras que eu não me aventuro na poesia. Não chego lá...
beijinhos

24/6/06 16:28  
Blogger alice said...

apreciei a tua resposta, amigo!

não esperava de ti outra reacção

um bom fim de semana para ti

com o verão dentro do coração ;)

beijinhos,

alice

24/6/06 18:26  
Blogger Teresa Durães said...

Caro legivel:

Depois de ver estes seus famosos criticos vejo que não pode visitar mais o meu blog porque:

- nunca editei nada (não tenho qualquer reputação no mercado, já viu????? vai estragar a sua!!!!!)

se continua a deixar por lá quadras e poemas, o seu nome vai manchado, aniquilado e ... sabe-se lá que mais lololololololol

(um perigo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)

ehhehehehehheheheheheh

24/6/06 23:51  
Blogger batista filho said...

"Uma ave desenhada numa parede, pode voar; assim lhe dêem asas no interior de um poema."

... conseguiste, amigo. Verdadeiramente, com essas palavras-versos, conseguiste.

Clap, clap, clap!

25/6/06 02:25  
Blogger tb said...

quem não sonha já morreu...

25/6/06 21:11  

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