O INTERIOR do POEMA
Existem variados géneros de poesia menor; aquela cujo interior está vazio de coisa alguma, a que do seu âmago transbordam gritos de socorro onde não existe naufrágio, a que não admite que das suas entranhas apenas brotam palavras azedas de pescada mal digerida e... tantos outros (sofríveis) exemplos de como a poesia não deve estar recheada. Quem me conhece, sabe que sou de gostos requintados; que não confundo petinga com salmão, nem chamo ao gato, lebre.
Admiro os poemas que tragam dentro de si palavras novas; que possam fazer-me crer que, uma ave desenhada numa parede, consiga voar para horizontes futuros menos cinzentos, que estes que hoje contemplo. Uma ave desenhada numa parede, pode voar; assim lhe dêem asas no interior de um poema.
Almada, 2006. Texto e foto de : Alberto Oliveira.
32 Comments:
Hummmmmmm!
Está muito bem dito, bendito, benedito (este não tem nada a ver com o outro...):)
beijos
Eu estava convencida de que detestava poesia, mas desfizeste-me o equívoco... e eu gostei de saber que estava enganada!... Gostei mesmo!
Estou.... estou... sem palavras...
(vai um legivel lá para as minhas bandas rebolar a rir - segundo o próprio - e chego aqui tenho de descalçar-me por afinal eu é que entrei no templo...)
que raio de horas marca esta coisa????
Hoje, não brinco com doces, mas admiro o que li, muito, é notável a capacidade do sonhar.
1 BJ
«Paris, 17 de fevereiro de 1903
Prezadíssimo Senhor,
(...)
Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas.
(...)
Pois bem peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento.
Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever.
(...)
Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usais e demasiado comuns.
relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza — relate tudo isto com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança.
(...)
Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons.»
[ Rainer Maria Rilke."Cartas a um jovem poeta" ]
Com um sorriso e um beijo*
excelente "recorte"....
hoje está aberta a sessão.pode ir lá contar uma história. porque é só hoje.
abraço. e bom dia.
acho que as palavras têm asas, dão liberdade... assim fosse tudo...
... um interior de boa indole! conta o recheio mais do que o invólucro, sem dúvida... as aparências iludem, tantas vezes
para esse pássaro tenho um bom prognóstico... irá fintar e brilhar, tal como a nossa selecção
enche o peito e voa, voa, voa
Empresta.me as asas do teu anjinho para eu voar dentro do poema que é a minha vida?! Bxox
Mas é isso mesmo que os autores procuram incessantemente: POESIA!
Belo texto, Alberto.
Um abraço
atrasei-me amigo ;)
desculpa-me por favor, queria ter vindo mais cedo voar nas tuas palavras, mas agora aterrei no interior do post
além disso, este último comentário que me deixaste é muito melhor do que o meu post, pelo que acho que vou pedir a reforma antecipada
beijo-te no coração,
alice
Palavras, ditas,sentidas,sonhadas, palavras saidas da alma, são essas que nos fazem poetas e voar
beijos
gosto......:) e essa é fácil de tocar....
noa noite.
Talvez seja por dentro dos poemas que as pessoas consigam sair para fora...delas.
Ganhar asas.
E sonhos.
:) Espero que a neta reconheça a minha corrida contra o tempo, após o seu nascimento :)que ela ainda tenha tempo para me curtir :) o resto é poesia. Tua :)
beijo de noite feliz
Van
Vou provocar-te: Há poesia menor?
Estás zangado com quê? Por não encontrares poetas? Olha, vai ao http://zefanha.blogspot.com e encontras lá uma máquina de caçar poetas. Talvez seja o que queres. O que todos queremos. Só que não é nada fácil, pois não, Amigo?
Beijinhos.
Licínia
(asas?)
Para noite:
Não sou crítico literário; se o fosse, naturalmente que não me sobraria muito tempo para me divertir pelo virtual.
De quando em vez apetece-me deixar por aqui a minha opinião; sem azedumes, sem procurar o confronto ridículo ou o desafio caricato.
Porque há quem não esteja receptivo a ler o que se escreve, confunde a "nuvem por Juno"; não entendendo a diferença entre o generalizar e o particularizar e "perde o pé".
Precisa de ter cuidado com as correntes, quem nada com dificuldade; ainda por cima, com o peso adicional de vinte livros publicados no bornal, o que é... obra!
O gato desenhado na parede aproximou-se sorrateiro da janela. De olhos fechados, o pássaro espreitava para dentro de si, esquecido do resto. O gato sorriu. Encostou a barriga à parede e rastejou em silêncio, sentindo uma comichão nas patas dianteiras.
Aproximou-se mais um pouco. Estava agora perto do pássaro, que continuava imóvel.
O gato respirou fundo e ergueu a pata direita. Lentamente, colou-a por cima do pássaro. Já está, pensou.
Num movimento rápido e seco, tocou com a unha no ombro do pássaro, que abriu os olhos.
- Então, pá. A dormir?
- Não, estava a pensar em palavras que li.
O gato aninhou-se ao lado do pássaro e, desenhados os dois à beira da janela, ficaram a falar de palavras. E a sonhar.
bom dia, lindo ;)
li os comentários... estou triste
oxalá tu não estejas
desejo-te um são joão dentro do peito a voar tipo balão ;)
um grande beijinho
grande, grande
alice
resposta ao desafio na fonte da mariazinha.
:)
(lá mais para o fim do dia de hoje... que isto de criatividade a metro está mau)
lol
Que é como quem diz, quem tem unhas é que toca viola!... :)))
Gostei de te ler.
Vou voltar.
beijinhos,
Sophie
Tem um belo fim-de-semana poético ;)
Beijinhos :)
Caro Indescritível.
I
Pela minha parte, percebi muito bem a ausência de ti, quando chegas a casa.
Comovi-me com o diálogo que lá deixaste entre o outro-eu e o eu-eu-tu.
E sim, o sítio onde estavas era mesmo aquele onde pensavas estar.ah ah ah.
II
Hoje, dado o mote, brindo-te com um ovo da minha "larva" poética, que até tem a ver com estórias de ausências.
III
quando se cansava da vida dizia que
queria ir criar cabras para a patagónia
mas no fundo o que queria mesmo era
acabar a pintar rosas, como renoir
sabia que nada lhe passava pela cabeça
sem ao mesmo tempo lhe cruzar o coração
e assim via miosótis no saldo bancário negativo,
músicas de bach na vida a contra relógio
e após uns crimes e dias subversivos
achava-se pronta para novas agonias
______________
Muito Bem escrito.
Ainda bem que não sou poeta, no entanto.
:)
Grande verdade, este texto. Sim porque neste país todos pensam que são poetas.
Bom fim de semana.
É por essas e por outras que eu não me aventuro na poesia. Não chego lá...
beijinhos
apreciei a tua resposta, amigo!
não esperava de ti outra reacção
um bom fim de semana para ti
com o verão dentro do coração ;)
beijinhos,
alice
Caro legivel:
Depois de ver estes seus famosos criticos vejo que não pode visitar mais o meu blog porque:
- nunca editei nada (não tenho qualquer reputação no mercado, já viu????? vai estragar a sua!!!!!)
se continua a deixar por lá quadras e poemas, o seu nome vai manchado, aniquilado e ... sabe-se lá que mais lololololololol
(um perigo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)
ehhehehehehheheheheheh
"Uma ave desenhada numa parede, pode voar; assim lhe dêem asas no interior de um poema."
... conseguiste, amigo. Verdadeiramente, com essas palavras-versos, conseguiste.
Clap, clap, clap!
quem não sonha já morreu...
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