HISTÓRIA de ARREPIAR em TEMPO de CALOR
Passeava tranquilamente no fim de tarde estival, pelo lado de dentro do passeio acanhado -que os passeios portugueses que se prezam, são por norma acanhados e onde mal cabem um transeunte em andamento e um veículo estacionado. Estava feliz porque não era exigente e lhe bastava aquela simples aragem que se fazia sentir, depois de um dia de calor tórrido e caminhar sem destino pelas ruas que conhecia de olhos fechados. Nem reparava nos sacos de lixo que se amontoavam fora dos contentores cheios e colocados em sítios menos próprios e fazia o possível por conter a respiração para não inalar o cheiro nauseabundo e o pó que andava pelos ares, por via da ligeira brisa quente que se levantara. Nem a falta de arvoredo protector para uma caminhada higiénica lhe tirou o sorriso, quando entrou na rua mais concorrida. A sua lógica simplória, dizia-lhe que para existirem lugares mais amplos, arejados e verdejantes, outros teriam forçosamente de ser o contrário desses. Não caminhou por muito mais tempo. Subindo o passeio, um carro apanhou-a pelas costas, matando-a. Aquela formiga tinha os dias contados; nas janelas, imensas bandeiras verdes e vermelhas adejavam, preludiando alegrias efémeras.
Almada, 2006. Texto e foto de: Alberto Oliveira.
Interrompi momentaneamente o tempo de lazer para escrever este texto, porque a formiga me pediu para o fazer, caso morresse de morte-macaca. Atendi-lhe a solicitação uma vez que uma formiga morre de "morte-formiga"; não de "morte-macaca". O que é estranho e carece de investigação. O lazer continua.
34 Comments:
'(...) preludiando alegrias efémeras.' Como todas as alegrias, aliás.
Sim. Convém deixar algo para a posteridade. Morte macaca pode ser algum fenómeno que atinge as formigas.... :)
;)
continuação de boas ferias e de boas caminhadas!
e que viva o lazer, o lazer das cigarras que cantam, o lazer de quem oserva pacatamente as formigas, o lazer enfim, vale por si, tens toda a razão, o resto são invenções de poetas trabalhadores!
Pobre forminga, e como sempre a desgraça de outros,é graças para outros, assim tivemos o prazer de uma prosa inesperada!
bons passeios:)
eu toda contente a pensar-te de volta e afinal foi apenas um aperitivo para matar saudades
depois comento, lindo
espero-te bem ;)
beijos
li
Acho bem que contraries a velha máxima "de formigas não reza a história"!... :)
e ainda bem............adorei o "acrescento"....
:)..........já lhe disse como o "gosto?"...
Não consegui deixar de esboçar um sorriso devido ao final, desculpa-me.
eheheheheh realmente, a interrupção foi efectuada no momento oportuno!
Essa falta de precisão da formiga espanta-me porque são tão organizadas não sei como foi capaz de tamanho deslize. Seria, de facto, uma formiga? Ou antes um bicho da seda? Um escaravelho? Um outro insecto qualquer menos preciso?
poder-se-ia dizer que era um carro, assim, de marca "leão surdo"?...
ahahahahhah texto a lembrar velhos tempos .
Venho a sorrir desde um comentário teu algures na blogoesfera e ainda não parei.
:D
Bem, para o passeio ser estreito para a formiga, imagino o tamanho do cão... 8)
Beijinho :)
bom dia, coisa boa
como é que tu de férias tens tempo para fazer uma crónica sobre o estado dos passeios de portugal?
e ainda devidamente documentada com anexos de rara higiene?
mas existes, certo?
beijinhos,
li
Olha, tu avisa as outras formigas tuas conhecidas, porque elas têm fama de seguidistas. Trabalham, trabalham e nem dão pelas cigarras vestidas de bandeira a cantarem alegremente pelas varandas.
Muito bem! Mesmo em férias, sempre atento ao carreiro.
Beijinhos.
Licínia
E se vivessemos como a formiga, trabalhariamos como ela? Formariamos guarda? Amealhariamos?
Tal como acontece connosco, não saberiamos o dia de amanhã... Como diz alguém que me é muito querida: Tudo, TUDO, é relativo. Depende do ponto de vista.
Viva Legível... a vida de formiga não é nada fácil!... Ontem, em pleno Bairro da Graça pelas 17 horas enchia a populaça nas ruas e travessas daquele bairro...imensos fogaréus. Dei comigo a pensar como será vida do "Homem do Lixo"?Não deve ser fácil... e nem tão pouco sei qual a sua renumeração?!... Há vidas de arrepiar.
(bom....querido L. vim agora da Nannarela...e....ahahahahah/lol...)
_________________posso dizer um segredo:
A D O R O -------------TE.
HAVE FUN...
beijos.
a propósito de nnannarella... eheheheh aquilo está a melhorar!
Entre um lazer e outro umas palavritas deixadas por cá nos ajudarão a ver algo de qualidade. Mui bom. Continua assim que agradecemos.
Um abraço fraterno.
Ps. Minhas condolências pela desdita da formiga.
Ó pa elas...
Bom, mas venho por outro motivo.
Eu intuía que tu haverias de levar nexos àquele caos, cujo a Efemerum acabou de assimilar a um cenário decadento-hollywodesco. De tal forma que a caótica Durães até se transformou em ordenada contabilista.
Profundamente grata, também por esta preciosa história de arrepiar, pois tenho uma inclinação especial para meditar sobre crimes e mortes ( e quanto mais singulares e horrendas, melhor, tipo as da condessa Barthory).:)
Como a formiga é parecida com as pessoas, a diferença de tamanho, é uma desvantagem ocasinal.
Um abraço. Augusto
Projectada contra a esfera armilar, a formiga Deolinda, sentiu uma dor nas costas.
Azar o meu, com tanto pano onde bater, logo foi na esfera...
Nessa mesmo noite, Deolinda embalou a trouxa e dirigiu-se para as termas. Ia uns dias a banhos.
Triste final para um inseto! Efêmeras são as atitudes alheias ao trabalho!
Abraços!
Tá demais, pa variar! E já agora permite-me que acrescente que esse aperto físico na bela lisboa espelha cada vez mais e melhor, o aperto e o atropelo espiritual com que cada vez mais se vive, e já não é só nas grandes cidades, certo?!
Terá de haver um boom de delinquência (ou problemas) juvenil e mal estar mental para que alguém se sinta e se digne a mudar algo...
Cumprimentos!!!
s
a
u
d
a
d
e
s
li
bem...ouve lgvl, com esta categoria de comments (e falo da feminina!!) acho que o melhor é arranjares um post sobre a carochinha e o João Ratão, (e deixares a formiguita, coitada!!e daí talvez não, sempre se manobram as coisas e ela vai de madrinha!!) ou estarei eu a "entreler" coisas!? ehehehe o que eu me divirto com a troca de piropos e mimos por aqui!! é sempre um prazer ler.te e ler os outros que cá passam!! bxox (ah e bigada pelos olhos bonitos, qualquer dia deixo.te ocupar o lugar do meu gato em dias de trovoada!! lol estou a aparvalhar, mas tenho que seguir a onda certo?!) ;)
então cheguei até você... acompanho com interesse seus comentários no blog da Alice e, sabe-se lá o porquê, apenas hoje cheguei ao seu blog. Vou ler com cuidado e o tempo que as boas coisas exigem para serem bem apreciadas. Um beijo pra você. voltarei sempre... Além do blog linkado a este comentario tenho um outro, mais antigo e que foi a "ponte" do meu encontro com minha querida amiga alice: www.mentirashistoricas.zip.net
beijos pra vc!
... escrita de outros ambientes...
... agora, nem o tempo está assim tão quente, nem a história é de arrepiar... porque com este fresquinho esses embrulhos não deitam o cheiro, dos dias tórridos... e depois, já nos habituámos a conviver com o lixo nos passeios e a desviarmo-nos pela ocupação que os carros fazem dos ditos
sobre formigas, tenho a declarar que exterminei um carreiro inteiro, com gruta própria
sem pingo de arrependimento
ai homem que me fizestes arrepiar!! não com este sueste muito frescote que assopra por aqui, mas com o remorso, face à tua temática narrada de forma tão humana formigana?!)por andar eu a matar agregados famíliares inteiros desse animal, calcando com o pé, arrasastando para o diluvio da mangueira e a derrocada da vassoura (veneno não por modes do canite)! fasta pra lá essaa boca que já n´ão estamos no tempo em que os animais falavam (ou estamos?!)
continuação de bom ripanço! :)
hoje é feriado
e vim cá!
quando voltas?
beijinhos,
alice
...........:)
obrigado pelo prazer continuado....
:)
beijo.
o nosso 1 arrufo .
tiraste os posts para me apoquentar ? logo a formiga o meu animal de estimação !?
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