ESPAÇO PARA ESCREVER
Para o escriba dar largas à imaginação - quando esta não lhe falta ou a musa não se faz de rogada - o espaço onde se colocam as letras é fundamental. Não precisa ser uma vasta área onde o negócio do imobiliário floresça como por artes mágicas e encha as contas bancárias daqueles que tudo sacrificam para que não fique de pé um único deserdado da sorte sem habitação, ou tão pouco, nas antípodas, uma nesga de terreno onde cresçam em sintonia, batatas, cebolas e nabiças para consumo próprio dum cidadão prevenido. A imagem de hoje, em que dos pés dos anónimos transeuntes, preocupados em atravessar a avenida antes que se esgote o tempo do sinal verde-dos-peões-com-esperança-em-sinais-melhores, até ao limite inferior da foto, creio ser o exemplo-modelo da extensão de vazio onde tanto se pode escrever um livro de poemas excêntricos como a história concêntrica de um país à procura da sua identidade e sem um polícia por perto para lhe indicar a localização do edifício de perdidos & achados. Hoje (há dias assim), sinto não ter aproveitado em pleno - cobrindo-o de palavras impossíveis - o chão da avenida que tive à disposição . Talvez os leitores que por aqui passam, o queiram acabar de preencher sem recear os sinais.
2009.Texto e foto de Alberto Oliveira.
14 Comments:
nã, não explico nada. Deixa a carneirada continuar a sua passagem. Vivam as procissões!
Parece que não te posso ajudar muito - porque eu, a escrever, só por linhas tortas...
Já imaginaste a A1... aquilo tem potencial!
E com as palavras até dava para remendar os buracos que se encontrassem!
Em vez de pano para mangas, é estrada para histórias!
Talvez seja um sentimento unânime.
Talvez não tivessemos aproveitado em pleno. Mas ainda vamos a tempo, não te parece? Vá, vá, pega na "pena" que não está ninguém a ver :))
Um abraço legívelmente sem sol em chão cinzento.
:)
Eu até que preencheria o espaçito, se a tal de ajudasse o "engenho e arte"
É que ando numa de tentar atravessar a minha avenida e levo sempre com o safado do sinal vermelho a meio da dita...imagina o sufoco!
Manda uma letra gorda ao sinal ... e continua a história Alberto. Fará mais falta a tua história do que o sinal!
Verifico que ninguém se atreveu a escrever nada. Porque o faria eu? Ocorre-me, no entanto, uma palavrita, com hífen e tudo, mas depois o Google bania-me ou coisa assim...
Vamos lá escrever qualquer coisa, aproveitar o alcatrão para um "outdoor on the floor". Por exemplo:
"Hoje os semáforos vermelhos são sinais verdes!".
"Atravessemos em diagonal!".
"Abaixo a ditadura das luminárias!" (O segundo sentido desta é notável, caramba! :).
"Nem mais um só peão para o outro lado da rua!"
"Não estraguem a via com pichagens, porra!"
Pronto. Não é que me tenha acabado a inspiração. Até poderia estar aqui mais uma horita a botar palavras de desordem, mas não quero abusar...
Um abraço.
Ai que engraçado, senhor Oliveira! Só o senhor se lembrava duma dessas. Escrever no chão da rua. Ihihihihihi................
Estou seriamente inclinada para uma ocupação do espaço rual livre com o retrato da Ferreira Leite para a malta pisar em passo de corrida a caminho da outra banda da rua e, do outro lado, um balão com a cara do Sócrates para a malta pular a ver quem rebenta o balão.
Era a chamada corrida do bate um, pé no dois, pisa no três e catapumba - medalha de ouro!
entao olá outra vez! :)
pois também dou por mim a ver passar sinais verdes sem atravessar de facto a estrada... medo de um carro desgovernado talvez. ofereço a minha compreensão em modo art deco meu caro.
há dias assim... outros virão!
se não aproveitaste hoje, aproveita amanhã.
deixo um abracinho
luísa
Gosto dos escritos do Alien, pichagens na rua, gente excêntrica num país concêntrico ... e estava a pensar levar com a tua veia (credo) esperançada.
Mas não, ainda não... lá p'ró natal dos carneirinhos e burrinhos
Bjinho A.& E.
olha reu olho e lembro-me das manadas
vaquinhas
cabrinhas
e proles respectivas
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asim a atra
ve s saaaaa ----- aaaaaaar
com o pastor atrás.
de vez em qundo um escoiciava e lá ía o homem de aguilhada
ensinar o caminho,
bem, aqui reparo que nestas manadas já não é preciso pastor
- ou então é in vi sí vel,,,
todos estão ensinadinhos!!
fas ci nan te!!
ps o vazio será pra não estragar a relva, as couves, a salsa,,,esse aí onde ninguém pisa!!?
beijo cabril ( de-cabrita-branca-vacinada
~
Espaços "vazios" deveriam ser mais e continuarem assim...tanta "cultura" calcada pelo asfalto, pouco a pouco o asfalto preencherá o "cheio"...
Abraço.
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