TURISMO ACIDENTAL
" ... mas porque diabo se nos meteu na cabeça visitar este estranho país quando estávamos tão descansados lá no nosso rico Minnesota? temos resposta para isto minha querida Cindy?" assim se questionava Frank e à sua companheira de vida e de turísticas viagens. "Ora! Como se tu não soubesses... que sempre estivemos convencidos que esta terra era uma província espanhola e porque de Madrid a Lisboa era um pulinho... " replicou ela à falta de melhor argumento. "E o que achas do homem da camisola azul e mãos nos bolsos, quando lhe perguntei se falava inglês e ele sem dar parte de fraco respondeu-me no idioma local. E falava, falava e não se calava... e eu a zero! " tornou Frank ainda surpreso. Cindy, que era uma turista que acumulava a sede de conhecimento com a observação minuciosa e por isso nada lhe escapava, sorriu condescendente "Provavelmente o coitado nem sabe da existência do Estado onde vivemos, enquanto ele aqui, deve viver num permanente estado de desconforto social - foi o que depreendi, pelo modo desiludido como olhava a montra (que está à direita da imagem mas para além dela... ) da loja de roupa para homem, de custo demasiado elevado para as suas posses. Daí, levar as mãos aos bolsos, como que representando os parcos meios com que se amanha. E não se importou que não o entendesses: quis foi atirar cá para fora a raiva que lhe vai na alma e aproveita todas as ocasiões. Mas olha que nessa altura, aquela da saia estampada comprida e mala a condizer, até voltou a cara para o lado e a outra de calças escuras, disfarçou, fingindo que estava a falar ao telemóvel. Ambas, demonstraram que não queriam ser incomodadas por sobrinhos do tio Sam com problemas de orientação. Não deste por isso, aposto, mas o sujeito que nos escreve os diálogos, fez o favor de imobilizar essas personagens para que possas confirmar o que te digo. Ora volta lá a cabeça... ". Embora tivesse a máxima confiança em Cindy, Frank nunca a contrariava. Por isso voltou a cabeça no preciso momento em que o ronco de um avião se fez ouvir. Olhou para cima e conseguiu ler parte do dístico numa das asas: "... for Guantanamo". Sorriu satisfeito: o turismo norte-americano estava de saúde e recomendava-se...
Praga, 2007. Texto e foto de Alberto Oliveira.
24 Comments:
será lá que está a cadeira eléctrica?
frio
morno
quente!
... é mais turismo ocidental
Eles que apanhem o vôo sem demora...antes do campo ser desactivado :)
Tufa tau...em cheio :)
Cadeiras electricas e mac donalds! :)
Afinal...tudo, tudo,turismo americano :)
Beijos e que a noite seja rubra :)
Indo eu, indo eu
a caminho de Viseu
bem que me pus a olhar
mas não havia pombas no ar.
Como sempre uma descrição perfeita e mordaz
abraço para ti
pra já contento-me com saborear
os nomes
... assim: frank and cindy :) ui...
em trânsito.
naturais do minnesota!!!
... hasta la vista!
:)
Rubra.
Como outras coisas boas da vida.
Sei lá...As cerejas do Fundão.
Os morangos.
As papoilas ondulantes.
Se tu reparares nenhuma delas tem a imensidão do céu azul :) nem a grandeza de um pinhal verde...pequenas, singelas, apenas nos alegram, nos dão prazer e permitem até, frases fabulosas como " as palavras são como as cerejas" :)
Como as cerejas que o Frank e a Cindy decerto saboreiam entre destinos turisticos :)
O cartão amarelo fazia falta ao Paulo Parati, não era?
Pois, porque eu sou bem comportada, nao driblo nem
marco faltas ;)
Sendo assim, talvez seja aconselhável uma sessão urgente de yoga :) cujo objectivo é serenar o caos provocado por impulsos...
:)
oi
adorei seu blog
convido vc para visitar Lusitana ilusao,espero que goste
voltarei amante dos seus escritos
ts
frank and cindy
seem to forget
what they don't
really
know
...
Tenh passado por aqui (faz parte da minha missinha matutina), mas sem consegir escrever uma linha que faça algum sentido, ainda que figurado. Coisas de astenia invernil, creio. Esta falta de assistência ao Papel tem-me trazido em algum transtorno emocional, asseguro-te. De tal sorte que sonho com cadeiras eléctricas que se escondem por baixo de frigoríficos, soldadinhos de chumbo que me batem pala e me chamam de "meu coronel", viagens a Praga sem sair de Alcabideche, homens de um só parecer, um só rosto, uma só perna, postados à frente da janela do meu quarto que é num andar quinto, marcos do correio que me arreganham o dente sempre que lhes quero introduzir uma missiva e gritam "junk junk junk mail" ou coisa que soa assim parecido...
Estás a ver como me sinto desde a última vez que aqui deixei rasto: uma múmia acidental, sem tirar nem por. Não me perguntes: o quê? que não tenho resposta que isto de frases feitas são coisas que me assentam bem e que eu uso sempre que quero impressionar o leitor.
Não, não vou inchar a caixa de comments, vou-me embora por hoje com a satisfação do dever cumprido e deixo-te um gandabraço e até às minhas melhoras.
E beijinhos à Família!!
Os estômagos colaram-se às traqueias e os restos da comida engolida na véspera ameaçaram saltar, quando o avião entrou no poço de ar. Amarrados atrás das costas e de capuz enterrado na cabeça, os árabes flutuaram durante alguns segundos e cairam com estrondo na fuselagem do C-130. Deixado o poço para trás e já sem balanços e agitações nefastas, um americano robusto e careca, aproximou-se deles. Com a voz toldada por uma asa de frango, gritou: - Não tarda nada, vamos fazer uma paragem no Atlântico, numas ilhas muito engraçadas. Claro que vocês não vão dar por nada, mas ficam a saber.
E depois, quando já se afastava, acrescentou: - Bem vindos ao turismo acidentado.
esses amaricanos, sabem lá! desde que haja cachorros, o resto é um ponto na paisagem! mas os portugas são muito gentis ,embora agora com a quantidade de problemas, o preço do pão e assim, estejam a ficar macambuzios.
Um ponto a favor dos turistas o facto de não fazerem as perguntas em espanhol!... (tiverem sorte em não terem ouvido uma resposta tipo "you go away...")
Como não podia deixar de ser, a cadeira eléctrica!... Acho que todos nós, teus leitores, já fomos contagiados pelo teu trauma da cadeira eléctrica!...
acidentes da terra dos equívocos!
beijo de bom dia.
cá.
onde tb se encontram muitos. os ditos.
embora aqui neste Papel seja sempre não por acidente que re.volto.
Só faltava nos teus turistas bué pacotes de batatas fritas gordurosas e umas ambúrgas!!! Que eles aperciam isso muito lá pelo estrangeiro!
E a personagem que tapava o nariz?! Porque seria...
Beijinho Senhor das (minhas) rimas:)
no fundo no fundo e embora não o confessassem um ao outro,
procuravam informações para chegar por `acaso` à
F.A.L.O. (Feira do Amor Livre Olaré!)
a decorrer algures à beira rio num sítio meio esconso, CC...something
e donde se constava que todos saíam como novos!:
rejuvenescidos, animados,
e capazes de proezas memoráveis...
enfim... memoráveis!! :)
se chegaram a chegar, se verá na próxima deslocação do cronista
isto se algo não lhe retiver atenção e retina, entretanto! :)
abraÇo e beijO à espera da próxima narrativa...
/ preferencialmente com bolinha vermelha! :)
Conforme ilustra o caro amigo, eles há portugas e portugas, não é assim? Uns falam ao telemóvel, outros distraiem-se em montras de roupa, mas só alguns admitem que existem e dizem de si, na língua materna: vão passera macacos, que a gente por cá, vamos andando... na miséria, claro está!
Bom texto este, irónico quanto baste, e lúcido (ou então sou eu que o leio assim hoje.)
Beijos para si. até breve. azul
Uma bela descrição de cenas do quotidiano, com um epílogo bem oportuno.
Abraço
Postais????
Ilustrados???
Onde? :)
turistas dos eua bem podem pensar o que quiserem.... enquanto formos uma província espamhola (parece que há um banmdo de portugueses que não se importava, adiante)
E as três pessoas que sobram na fotografia' Não nos contas nada delas? Oh! Gostava tanto!
Mas passaram aviões para aí, aqui?
Ninguém soube de nada...
Será tudo allgozo? Ou allfuc... mistake?
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