PRAZERES
Dialogar é talvez um dos meus maiores prazeres. Escrevo talvez, porque outros prazeres que não são para aqui chamados, não por uma questão de pudor mas de oportunidade, também constam numa lista pessoal elaborada com alguma contenção (que dos prazeres, a quantidade não é proporcional à qualidade...) e...honestidade*. Escrevo ainda talvez, não porque não tenha a certeza de ser um dos meus maiores prazeres, mas porque constato com mágoa que, a breve trecho, esse prazer integrará uma qualquer relação de prazeres em vias de extinção e lá ficarei eu a chuchar no dedo por esse prazer que me está a ser paulatinamente retirado, ter os dias contados.
Que cada vez se dialoga menos é um facto. O diálogo está a ser substituido pelo combate verbal onde os oponentes têm todos razão...segundo a sua óptica. Hoje, a frase fulano é um bom ouvinte deixou de ter qualquer significado positivo; no mínimo, esse fulano será um mero espectador de um diálogo ou é...mudo. Os debates de ideias(?!) a que assistimos, políticos ou de outras áreas, mostram-nos exemplarmente que, quem seja detentor do maior vozeirão, ou que só se cale quando a galinha miar três vezes é declarado "vencedor" de tão edificantes encontros da oralidade.
«Meu doce; posso interromper-te por um minuto?». A minha mais-que-tudo tem a pontaria mais que afinada, para me interromper nos meus melhores momentos; exactamente na altura em que tinha achado um belo final para esta conversa convosco; o seu sentido de oportunidade é admirável! «Diz lá...», concedo magnânimo. «Olha que as contas que fizeste para o nosso orçamento caseiro do segundo semestre deste ano, não me parecem correctas!» informou com ar triunfante. « Ah não?! Pois eu tenho a certeza que estão certas; e se não concordas, aconselho-te vivamente a ires fazer uma visitinha á tua mamã. E agora deixa-me que tenho de terminar isto!»
* Porque carga de água eu afirmaria que tenho imenso prazer em dialogar com a minha sogra? ahn?!
30 Comments:
eu creio que já disse isto vezes sem conta mas não me canso: escrevemos porque ninguém nos ouve!! (e espero que nunca pares de nos deliciar com a tua escrita!!) bxox
Dialogar é costume
Que se perde, pois então!
Monologar é virtude
Em forma de oração
Oração gramatical
Que das outras nada sei
Repentismo em Portugal
É coisa que assenta bem
Cruzando vamos as letras
Em cadrinhas lá na Sota
Foram estas coincidências
Que nos bateram à porta
Afinal andas escrevendo
Um "Papel de Fantasia"
'inda agora t'andei lendo
"Legível" já te sabia
Apeteceu-me vir ver
Como eram as tuas letras
talvez escrevas por escrever
talvez fantasies tretas...
;)
talvez fantasies tretas...
para a sogra não enfrentar
e não levares cas muletas
e aos Capuchos ires parar
Lamento não dar continuidade mas nunca fui prendada para hip hop..:P
Espelha bem as nossa próprias incoerências. Gosto sempre deste tipo de texto. :)
Bjinho
Vim cá deixar um bilhete debaixo da porta:
Tenho outro cantinho http://allinthemoods.blogspot.com
Não sei se já conheces, em todo caso fica o convite para apareceres por lá. Beijinho
e não levares cas muletas
e aos capuchos ires parar
talvez por isso dialogues
ao invés de futebol jogar
cada um sabe o que lhe apetece
ou pelo menos deveria saber
palavras semeadas à mancheias
para benquerenças um dia colher
A conversa... hum...
Um café e um pastel de nata... é um bom começo de conversa!
pois é... escrever é um prazer como muitos outros. é fazer dançar as palavras. :)*
Ainda bem que escreves!
Boa semana!
A tua mais que tudo pode eventualmente não concordar com as contas do teu orçamento, precisamente por ter visitado a sua mamã. Má lingua.
Eu não tenho problemas com a minha sogra, o que não deixa de ser curioso.Muito bom o teu texto.
Um abraço.
Para Fi@:
Experimenta "falar às massas" e prometer-lhes mundos e fundos a ver se não te ouvem; depois, o cumprir da promessa já pode ser "em escrita"...
Nunca prometo aquilo que não sei se posso cumprir; por enquanto estou a gostar desta cena dos blogs...
Beijos.
Para Mjm:
Tretas eu não fantasio
nem por lebre vendo gato.
Só quando estou com fastio
é que me afasto do prato.
É que me afasto do prato
se a conversa não me serve.
Não me ralo nem me mato
quando me escasseia a verve.
Se a verve me escasseia
acaba-se o fantasiar.
nem sequer há pé-de-meia
é a realidade a chegar.
Para Segurademim:
Nos Capuchos me queres meter?
mas que mal é que eu te faço?
Lá por umas tretas escrever
atiras-me para o cadafalso?
Minha sogra é uma jóia
outra como ela não há.
Já lhe atirei uma bóia
quando estava a beber chá.
De chá encheu a banheira
enganou-se mas que azar!
Pensou que era a cafeteira
estava-se quase a afogar.
E por eu a ter salvado
tem-me em muita consideração.
Agora canta-me o fado
"não te dou nem um tostão!"
Para Mood:
Não tem nenhuma importância! Não é obrigatório deixar um comment rimado nem um "ipó pótamo"*
* São bichos enormes e não caberiam na janela do comentário...
Beijinho.
Para Mood:
Só agora, ao responder aos comments li o teu "recado". Vou lá fazer uma visita, podes crer.
Beijinho.
Para Batista filho:
Para essas coisas colher
não é preciso trabalhar?
Onde me foste meter...
Gosto mais de descansar.
Abraço.
Para Joana:
Isso não se faz!! Eu que sou maluco por conversa e...pastéis de nata! Prontos; já estou a salivar...
Para Jrd:
Como é que conseguiu descobrir-me a careca é que não entendo! Era uma das duas hipóteses, pois claro! Mas nem adianto qual, para manter um significativo suspense sobre a minha atribulada existência...
Para Rita:
É sim senhor; e eu que o diga! que quando fiz este último post aconteceu-me isso. Tinha acabado de almoçar, conversa puxa conversa, whisky puxa whisky e assim por diante...
Dançavam as letras, dançava eu...parecia uma exibição dos Alunos de Apolo...
Beijinho.
Numa divisão simples, há os que lêem e os que screvem. Ora, porquê apenas ler; porque não ensaiarmos a escrita e sentirmo-nos deslumbrados pelo surgimento de ideias e textos inesperados. Porquie não submeter ao escrutínio diário, aqui na blogesfera, edições com as características que se praticam? A tradiução oral está a perder-se. É verdade. Dever-se-á à tirania da imagem. mas não devemos resignarmos.
Um abraço
Para Concha:
Que escrevemos. E "dialogamos". Ainda bem.
Para Manuel:
Afónico?! Juro que não pretendo que, com quem dialogo, chegue a tal estado Porque será diálogo a uma voz...
Que venham elas (as ideias), que logo se verá.
Abraços.
Uma pessoa pode ser boa ou má ouvinte, mais ou menos construtiva no diálogo mas, caramba, uma sogra será sempre uma sogra!... ;)
Para Armando ésse:
Ainda bem que não tens problemas com a tua sogra; é sempre bom termos boas relações com os nossos familiares mais próximos. Infelizmente comigo não acontece o mesmo porque...espera. Estão a bater á porta, só um segundo.
«Olha a minha estimada e amada sogra! Como estou satisfeito de a ver! Janta hoje connosco, não janta? Não pode? Não nos vai fazer essa desfeita, pois, não?! Espere só um minutinho que vou acabar a conversa que estava a ter com o Armando»
Estás a ver? è uma guerra aberta com esta mulher...
Abraço.
Para Jpd:
Não ponho em causa o acto de escrever; se eu pr´prio escrevo...
Tão pouco, os hábitos de leitura; se o homem escreve, alguém o há-de ler...nem que seja apenas ele próprio.
Da oralidade, estamos conversados; defendo-a com unhas e dentes. É, apesar de "alguma representação", onde nos mostramos mais. Uma conversa "olhos nos olhos", é outra coisa...
Um abraço.
Para Sotavento:
A sua filha mais bela,
enganou-me e muito bem.
Além de casar com ela
quere-a cá em casa também.
Que casamento esquisito
este de viver a três.
Antes de me ver aflito
acaba-se o casamento de vez.
Para tal não acontecer
e vivermos em harmonia
vai as suas malas fazer
e voltar à sua casa...*
* Não rima... mas é a única solução.
Pois, a questão do diálogo é ampla. Às vezes, chamo-lhe também "dificuldades de comunicação", ou porque falamos linguagens diferentes - apesar da língua ser a mesma - , ou porque os silêncios são utilizados para atingir objectivos também diferentes; ou porque há quem não ouça de todo [a tal situação de usar linguagens diferentes e a mesma língua...]. Enfim, gosto muito de comunicar. Aliás, acho que nasci para isso... e que chatinha que posso ser, com essa coisa de ser uma "comunicadora" nata!!!!!
Para Pp:
Fazes bem. Comunicar, sempre!!
NOTA: A língua nunca é a mesma; cada um, tem a sua "própria" língua. Como tem o nariz, os ouvidos e etc...
ahahahahahahahah
Para Mjm:
Sorriso contangiante!!
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