Friday, August 26, 2005

IMPREVISIBILIDADE

Não é fácil lidar com o imprevisto. Logo, porque não sabemos quando acontece, depois porque as soluções que dispomos para o defrontar, não são assim tão vastas que abarquem um universo incomensuravel de situações, que essas sim, são por vezes as mais surpreendentes ou inqualificaveis. Vem a introdução a propósito de algo que se passou com uma pessoa conhecida (garanto que se eu fosse o protagonista da história, não teria qualquer problema em assumi-lo por uma questão de lealdade para convosco...) e que pelo insólito do caso, achei por bem aqui relatá-lo.
Rodrigo -chamo-lhe assim, não por qualquer outro motivo senão pela confidencialidade ao nome pedida pelo próprio, é um cidadão comum, trinta e poucos anos, casado, pai de filhos, quadro técnico numa multinacional da área das telecomunicações e com os impostos em dia. Não é associado ou adepto de nenhum clube de futebol, vota no centro esquerda (quando vota e como faz gosto em afirmar) e, se não lhe conheço qualquer tipo de infidelidade conjugal num casamento que vai para dez anos, também tenho de referir que, para alem destes méritos(?!) e por outros não lhe reconhecer, do meu ponto de vista, Rodrigo é o exemplo perfeito e acabado do cidadão anónimo.
Há poucos dias, numa reunião de trabalho, conheceu uma mulher de um desses paises árabes cujo nome não vem à colação, onde o petróleo abunda, os camelos assim-assim e os oásis muito menos. Depois da reunião, encontraram-se para beber um café. Ela disse-lhe que nunca tinha conhecido um homem como Rodrigo; ele certificou-se que não havia mais ninguém próximo deles e beliscou-se. O longo beijo que trocaram não foi um sonho, tão pouco o será a viagem de avião marcada para amanhã, na companhia da sua recente amada que lhe afiançou que há mais sete amigas suas desejosas de se juntarem ao casal.
Rodrigo, trocou duas crianças, a esposa, um trabalho bem remunerado e uma vida sem aparentes sobressaltos por oito mulheres árabes. Tratou assim o imprevisto, sem hesitações. Logo à noite, já tenho assunto para debatermos; eu e a minha-mais-que-tudo...«O que é que tu farias se...?». É assim que começam os nossos debates.

23 Comments:

Blogger rita said...

E tu, que farias?
A vida é, por excelência, o maior imprevisto, se não fosse que graça teria?
um beijo para ti, e outro para a tua mais-que-tudo =D

25/8/05 20:57  
Blogger JPD said...

Cada vez há mais gente a defender que as relções valem enquanto durarem. Se um homem ou uma mulher estiverem casados e, subitamente, um deles se sentir arrebatado por alguem, largar todos e tudo e partir, esse será a verdadeira paixão.
Um abraço

25/8/05 22:25  
Blogger Amora Silvestre said...

Terá sido uma opção, como qualquer outra. Para quem vê de fora, foi, de facto, um imprevisto (porque nada disto está previsto, é raro e não está escrito em nenhum livro de regras pertinentes).

Para o herói, essa terá sido mais uma aventura, obviamente com contornos diferentes, mas uma aventura como a de formar uma família. Abandoná-la foi uma opção e, para tantos de nós, isso ainda é completamente imprevisível.

Através dos meus olhos, parece-me um caso de paixão... pela vida.

A perspectiva de se ser possuidor de um harém... essa parte eu acho gira! :o))

26/8/05 09:42  
Blogger mfc said...

A felicidade não se mede pelo número de zeros do teu ordenado, nem pelo númerod e mulheres que tens; tampouco pelo número de quecas diárias que mandas.

O que eu faria? Tinha-lhe pago o café, como manda a gentileza, e no dia seguinte, quando o avião descolava, nem me lembrava dela: estava a acordar e ver os mais lindos olhos verdes ao meu lado.

26/8/05 11:57  
Blogger armando s. sousa said...

Acho que há momentos para tudo na vida. O Rodrigo tem trinta e tal anos, e está casado há dez, portanto casou-se com vinte e tal anos, considerando algum tempo de namoro digamos que Rodrigo só conheceu a sua mulher e como dizes sempre fiel.
Neste quadro a aventura pode aparecer a qualquer momento, por não a ter vivido num tempo em que não prejudicaria ninguém.
Agora não discuto que todas as idades são boas para uma paixão...
Um abraço.
PS. Por lapso o título tem umas sílabas trocadas.

26/8/05 12:01  
Blogger sotavento said...

Com tanto imprevisível real que tenho que resolver ainda querias que me cansasse a resolver um irreal?!... ;)

26/8/05 14:26  
Blogger 索菲娅 said...

Olha...estou aparvalhada!!! mas ok cada um com as suas taras e manias!!!
bxox

26/8/05 14:45  
Blogger musqueteira said...

Viva Legivel,
Coitado do Rodrigo!...Quanto deverá ser...penosa a sua fragilidade num futuro próximo...
Ser...um cidadão exemplo não se é meramente num determinado passado...mas sim no presente...e no futuro que se avizinha!...Coitado do Rodrigo.

26/8/05 18:19  
Blogger segurademim said...

A tua-mais-que-tudo de forma imprivisivel, disse-te: querido eu também embarco amanhã! vou com o teu amigo Rodrigo... eu e ele, vamos ser cunhados!
Chegou a tua vez de tomares conta da casa e dos miúdos!

27/8/05 09:42  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Rita:
O que eu faria? Mas isso é pergunta que se faça?! Eu limito-me a escrever e...não é pouco!
A imprevisibilidade da vida é efectivamente o seu "sal".
A minha-mais-que-tudo agradece o teu beijo e retribui encantada. É a primeira vez que alguém do virtual lhe manda alguma coisa...tadinha.
Beijo.

27/8/05 11:03  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Jpd:
Pois, também oiço dizer que sim e por via das dúvidas, não tenho opinião sobre o assunto.
Espero que não me aconteça nada parecido (embora o ditado "nunca digas que dessa água não beberás", deva ser tomado em conta e por isso bebo vinho...), porque devem ser situações de grande stress e confusão...
Abraço.

27/8/05 11:11  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Jrd:
Jamais deve ter passado pela mente do "nosso amigo"* Rodrigo a continuação da história que lhe arranjaste!

* Salvo seja, que não quero envolvimentos nestas cenas, gosto imenso de ir a Londres e a polícia britânica atira do modo como se sabe...

27/8/05 11:16  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Pp:
Não duvido que uma paixão se transforme numa aventura e que o "edifício" familiar do modelo civilizacional ocidental não ache muita piada a tais aventuras...exceptuando as "facadas matrimoniais" da ordem.
Alé é grande!

27/8/05 11:52  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Vodka e valium 10:
Assim até dá gosto!
Gosto de te "ver" na qualidade de homem lúcido a e impermeável a desafios "imprevistos" resolvendo-os com uma perna às costas, para "acordar no dia seguinte ao pe´de uns lindos olhos verdes".
Ainda dizem que o amor e a fidelidade conhecem dias difíceis...

27/8/05 12:09  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Armando ésse:
Considerações judiciosas as tuas...que as ligações precoces também podem ser problemáticas.
Um abraço...

...e um obrigado reconhecido por estares atento às minhas desatenções...

27/8/05 14:19  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Sotavento:
Não queria tal...Era só para fazer conversa "a sul".
E descansa que o fim-se-semana ainda é uma criança.

27/8/05 14:24  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Fi@:
Não é para menos. Eu também me surpreendi quando o Rodrigo me contou o sucedido.
Só desejo que tenha sorte lá nas Arábias e que por cá, a mulher e as crianças refaçam a sua vida com maior ou menor dificuldade.*

* É pá! depois de acabar de escrever o comment acima, pensei: "começo a acreditar nas coisas que escrevo; será um sinal mental a precisar de ajuda médica ou a creatividade também passa por aqui?!"

Beijos.

27/8/05 14:34  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Musqueteira:
Viva!
Concordo contigo. Fisicamente o Rodrigo não me parece fadado para grandes "voos" nesta "área artística"; digo eu que o conheci pessoalmente. E daí...por vezes as aparências iludem...
Ou então, como tu avanças, vai-se fragilizando com o "clima adverso".

27/8/05 14:40  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Segurademim:
Não sei porquê mas leio neste teu comment uma espécie de revanche feminista para uma situação da qual eu não sou o intérprete. Não me chamo Rodrigo; o meu nome está bem legível para quem o quiser ler.
A minha-mais-que-tudo nunca embarcaria numa aventura dessas, tal o amor que me tem. E mais; detesta o cheiro a petróleo...

27/8/05 14:46  
Blogger r.e. said...

foi um dia difícil para entrar aqui pela primeira vez. queria agradecer-te a visita à Madrugada. ninguém pode dizer o que faria numa situação imprevisível. quanto muito podemos tentar definir para nós o que gostaríamos de fazer de acordo com a pessoa que acreditamos ser. Mas talvez os imprevistos sirvam para nos reconhecermos outros e então de nada serviriam as conjecturas. um abraço. vou dar mais uma volta por aqui para ler o legível. J.

28/8/05 14:14  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para R.e.:
Também gosto de te ver por aqui, conjecturando sobre a imprivisibilidade, o que não é fácil dado que não detemos o poder de adivinhar o...imprevisto.
O mais acertado será mesmo esperar a sua chegada e lidarmos com "ele" o melhor que soubermos e pudermos.
Abraço.

28/8/05 16:53  
Blogger Joana said...

Minh'alma está parva...

1/9/05 17:57  
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Joana:
Sabes lá do que as mulheres daquelas paragens são capazes...

4/9/05 17:04  

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