E DE REPENTE O AMOR
Quando ele suspendeu a corrida contra o tempo de todos os seus despreocupados e agradáveis dias úteis e lhe perguntou "se precisava de ajuda para atravessar a larga avenida" que a separava da gravilha solta para a compactada e entendiante actividade que lhe ocupava um terço do total das horas de uma semana - sem contar com as dos dias inúteis, que a essas nem tinha coragem de as contar - ela não se mostrou surpreendida: acreditava piamente que à condição humana não faltavam momentos de imprevisto enamoramento e aquele ciclista não tinha ar de quem se socorria de produtos dopantes para atingir fins menos confessáveis. Agarrou-se de tal modo à ideia do romance caido do céu aos trambolhões-em-duas-rodas que já se via a viajar por seca & meca na companhia do seu galante companheiro. Os dois, de tandem. De olhos brilhantes de felicidade, preparava-se para responder afirmativa e alegremente quando o coração lhe caiu aos pés: reparara que ele tinha uma pedra no sapato*...
* Não seria bem uma pedra; era mais uma pedrinha. O homem também não usava sapatos; calçava havaianas. Mas isso retira ou aumenta alguma coisa ao conto?
2009. Texto e foto de Alberto Oliveira.
22 Comments:
Ninguém, nunca, é perfeito!
Mas como uma pedrinha é coisa que rapidamente se sacode, siga o sonho bom...
Exactamente!
Ele que sacuda a pedrinha e siga o conto!
Eu fico à espera...
Abraço
Ah! As pedras nos sapatos são um aborrecimento. Pior que isso... São uma "praga"
São as contigências da moda... de havaianas em cima de gravilha à sempre uma pedrinha que se intromete... :/
é a moda das havaianas e das camisolas de marca... eheheheheh!
sorrisos
Moral da história: Não há romance caído do céu aos trambolhões que não traga pedrinha no sapato!
:) Vou ter saudades das minhas!
Beijinhos e sorrisos
Essa pedrinha
é a cereja no conto
Muito bem conduzido
o leitor
São pedras Senhora, são pedras ;)
Abraço.
E será que há por aí o que quer que seja, lindo, maravilhoso que não tenha uma ou outra pedrinha (ou pedregulho..)????
É o que faz usar as tal de havainas!
Por vezes é uma difícil descalçar essa bota para tirar a pedra do sapato, mesmo que seja de havaianas.
Bjinhos
Admiro essa capacidade de em poucas palavras dizer tudo quanto importa.
Bom voto.
Siga o romance, que histórias sem pedrinhas não são histórias reais
um beijo e bom fds
Amigo Alberto, as havaianas são imperdoáveis: inestéticas e permeáveis de mais.
Haverá amor que lhes resista?
Bom fim de semana.
Continua os teus contos. Sempre te revisitarei
Também há pedras nas havaianas...:)
bjs
OLÁ AMIGO
Como pode imaginar não tenho tido muito tempo...só hoje vim à blogosfera e vim visitá-lo.
Do fundo do coração estou muito desiludida...
Fiz quase 100 convites para a inauguração da minha exposição - sábado passado, dia 19...
Tou triste.
Sabe porquê?
Tantas pessoas que têm a oportunidade de ver outra cultura, outro povo através dos olhos de quem lá esteve...
será que "alguém" vai lá ver?
Dentro de 4 dias já será desmanchada, é uma pena...
Abraços.
Boa semana.
ora
porquê valorizar uma
pedra... pedrinha...?
ainda se fosse uma...vá, um pedregulho-tipo-montanha!!
eu gosto de pedras [ é uma coisa rara de acontecer ?
e além disso, também gosto de roupa branca ...
beijo :)
~
Lá diz o ditado: "Na melhor havaiana cai a pedra". Ou será: "Debaixo das havaianas se levantam os trabalhos"?. Estou um pouco baralhada. Mas há aquele: "Quem conta um conto acrescenta um ponto". E pronto. Não há pedra que atrapalhe o teu conto. Nem pederegulho que lhe cause engulho.
Beijinhos.
Pois por vezes as pedrinhas fazem a diferença...Adorei.
Jhs
à falta de novas, um abraço
Eu acho que para se escrever assim, devem-se ter olhos azuis :)
pedalando vamos nós presos à narrativa
( suspense! )
.
um beijo
Pois é, há sempre uma pedra no sapato... certamente fará parte da imperfeição humana ;)
Mas vamos ter esperança neste caso, já que ele calçava umas arejadas havaianas: pode ser que, com sorte, a pedrinha saia mais facilmente... ;)
Excelente conto, uma vez mais com um humor refinado a rematar!
Oh! Que pena!
Post a Comment
<< Home