FUGA FUGAZ (1)
"Mãe! o pai vai a guiar aquele carro preto!!" gritou Ramiro, o mais velho dos quatro irmãos, apontando o dedo na direcção do veículo. Eunice, que pedalava sem mãos - uma habilidade que lhe tinha ficado de muito nova e que lhe dava imenso jeito para pentear o neófito Bartolomeu enquanto conduzia a prole a caminho do infantário - não queria acreditar no que os seus olhos viam: Jesualdo, o pai da criançada e seu esposo há dez maravilhosos anos, ia de facto ao volante de um carro negro-como-a-desgraça, ziguezagueando perigosa e velozmente por entre o trânsito caótico da cidade. As sombras de um imprevisto e funesto acontecimento, pairaram repentinamente no universo azul de Eunice: se o seu homem tinha saido de casa duas horas antes de bicicleta (eram ambos amigos e associados do ambiente) e por esta altura do dia já deveria estar no seu gabinete camarário a despachar com despacho o que havia a despachar, porque misteriosa razão se encontrava agora no centro urbano, e com um comportamento que lhe parecia a ela uma fuga desordenada para a frente? Teve de voltar atrás, no tempo, e reunir fragmentos recentes de conversas de Jesualdo ao telefone, com pessoas que ele afirmava serem "do trabalho"...
Continua no próximo(?!) número.
2009. Texto e foto de Alberto Oliveira.
25 Comments:
Como sou distraida... (fica melhor que ocupada) não percebi o regresso... Seja bem regressado.
gosto de me surpreender.....
( aguardo ,com alguma ansiedade ,o próximo(?!) número )
.
um beijo
Legível,
De volta, saúdo os textos anteriores, que já li, e o respectivo autor.
Este é que me deixou um bocado perplexo: O que faz aí o Jesualdo? Eu creio que o homem está bem seguro, já que o Presidente ainda não veio dizer que "o treinador está de pedra e cal", sinal seguro de que não dura uma semana...
Mas, como isto a história vai continuar, acredito que o mistério venha a ser esclarecido.
Um abraço.
As maravilhas da intermodalidade urbana... a ver vamos onde é que o segundo episódio nos leva!
:)
A última vez que te "vi", estavas a encerrar o estaminé! Pois fico super contente por não o teres feito! Hoje já vi algumas muito boas novidades e esta é mais uma...
Então, a menos que haja aí referência velada a determinada personagem do nosso panorama futebolístico e, nesse caso, não sei de nada, não estava lá e não vi, nem ouvi nada, esse marido da Eunice deve ser daqueles que têm duas caras, duas casas, duas vidas, enfim, tudo a dobrar? Ou isso é só o princípio da história e ele tem mas é tudo a triplicar ou mais ainda?
... que espectáculo
sou a favor das familias numerosas, daquelas em que não se fazem perguntas, fazem-se filhos
muitos
como vez a criança não faz qualquer pergunta, apenas uma afirmação: "mãe o pai vai a guiar aquele carro preto" e não, mãe o pai vai a guiar aquele carro preto?
só mesmo quando são muitos...
Errata:
"como vês" e não "como vez".
Começa bem a história(para quem se queixa de andar em crise literária...ah é verdade, o futuro está nas oliveiras!)! Mas não é que a tua história me fez lembrar vagamente uma outra, um bocadinho escabrosa, que por aó circula??? Impressão minha, claro...
Não faço ideia que andará a fazer o Jesualdo tão fora de horas, tão fora de sítio, tão dentro de espadalhão. Tu esclarecerás o mistério, na próxima edição.
Fico à espera do resto da história...fiquei curiosa...
bjs
Deve ser apenas uma reunião de negócios, nada de grave ;))
Abraço.
Ora bem! Acredito que haja vidas duplas por aí, que nem se sonham existirem!
Boa semana
Bjs
Não vale a pena a fuga para a frente; temos sempre que olhar pelo rectrovisor!
Bom feriado para ti.
ai, ai, que este jesualdo, cá p´ra mim, tem um grande pedregulho no sapato e anda, mesmo, metido em trabalhos! talvez por isso, impedido, pelo tal pedregulho, de um bom pedalanço, ao resolver fugir para a frente se tenha visto obrigado a substituir a bicicleta por um automóvel com mudanças automáticas...
eu e a restante bicharada lá do jardim, vamos montar tenda aqui no fantasias, para lermos, em primeira mão, o episódio que se segue.
abraços e patadinhas amistosas, em duplicado.
Olá Alberto
Tanto espaço no carro e a consorte, sobrecarregada, a sujeitar-se à inclemência e a toda a sorte de perigos do trânsito, a caminho do infantário com a prole.
Como qualificar?
Aguardo novo episódio.
Deixo o convite para o novo espaço da recidiva:
http://oguizoeogato.blogspot.com
Um abraço
O meu sexto sentido (apuradíssimo porque sou fêmea..rs) está para aqui a bichanar-me que esta história tem a influência das autárquicas (a profissão do Jesualdo, heim!).
Aposto como o próximo episódio vai ser depois de domingo... sinto-o, pronto!!!
Belo cartaz para as costas de lisboa!!! "não ande com os filhos às costas, entregue-os à ama da bike"...
O portas que se cuide, ou o jaguar dele não era preto?
Que (e inveja e já o disse) saudade dos lugares em que há lugares, taxis e afins iguais há 30 anos.
Bjinho a dois (e li o resto, amores de esquinas, tamanhos e emergências, tá a dar na veia, Albert!)
Eu pasmo como há gente a embascacar perante Lobo Antunes, que nem sequer te chega aos calcanhares!!
Uma feliz semana.
Espero ansiosa as cenas do próximo capítulo
um beijo
Huuummmm!
"Aqui há gato!"
Quero ver de que cor é.
L.B.
Fico à espera
na minha falésia
Será que alguém vai ser despachado despachadamente?
Ernesto, o avô
Ahah! Temos saga! :)
Sigo para o segundo número, que gostei do suspense...
Fantástico. Como é que eu nunca tinha passado por aqui. ainda bem que me boa hora, apesar de tardia, o fiz.
Excelente narrativa. Fabulosa, como legenda da fotografia.
Espero não lhe perder o rasto...
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