A CICLISTA TÍMIDA
Nunca entendi muito bem porque não se revelava o raio da mulher. A bicicleta conheço-a de cór (meia-bicicleta, quero esclarecer, que o selim e a roda pedaleira nunca os vi mais gordos). Quadro negro, guiador metalizado e o cesto das compras azul, assente no garfo da roda dianteira. Para adensar ainda mais o mistério a velocipédica proprietária da comum pasteleira tem o mau costume de pedalar sem mãos. Não que fosse maneta, imaginava eu na minha boa-fé. Mas há para aí tanto exibicionista na arte da condução de qualquer veículo, que mais um menos uma, não faria a diferença... Mas o que eu não posso mesmo levar à paciência é o facto, insólito, da ciclista pedalar permanentemente em marcha atrás. De tal sorte?! que quando dou por ela... já era! Foi assim que a captei, numa das suas idas ao mercado.
Afinal, o Rodrigues da tabacaria acabou por me revelar o que estava por detrás de tal atitude -contribuindo para tal, a avultada aquisição que lhe fiz de uma esferográfica bic, dois envelopes com papel de carta e uma caixa de clips. A Juvenália (é a graça da ciclista) sempre foi muito despistada -uma cabeça de vento! chamava-lhe a mãe. Um belo dia, já mulher feita, com a doidice de dar uma voltinha na bicicleta, tomou banho, enxugou-se e... aí vai ela! Só quando passou pelo primo Luis, ao iniciar a subida da rampa da Rua do Vale de Santo António e ele exclamou «Ó Jú! mas tu vais nua!!» é que caiu em si. E da máquina...
Milão, 2006. Foto e texto de Alberto Oliveira.
25 Comments:
O rei vai nu, o rei vai nu...
ehehehehhehehehhe
olha que realmente tu para transmitir boa disposição aos outros és ás!!! ai milão!!! sniff inveja muita!!! e bxox muitos também (ja imaginaste eu de bicicleta com o Ix no cestinho a pedalar por Milão???? ai delícia!!!)
Perdido o emprego, dedicaste-te a fotografo, contista e poeta (para além de bisbilhoteiro da vida da Juvenália...e outras!)
Livra!!! Ainda bem que não estacionei a minha bicicleta ao alcance da tua máquina...mas escrevi uma resposta para ti, no meu blog, vim aqui e li isto e até estremeci :))))
é muito bom ter-te de volta, amigo ;)
adorei os teus 2 posts de retorno às escritas humoradas inigualavéis
fico à espera de mais e abraço-te
alice
foi então que a Jú começou a pedalar para trás?... ou perdeu o sentido de orientação na queda?... tá divertidíssima a estória!... já imaginei não sei qantas cenas à conta da Jú!...
a nudez pode ser tão transparente que engana...
Alberto
Todos esses pormenores que adiantas são importantes para a tentativa de identificação da ciclista.
Concordo.
No entanto, falta um detalhe que seria o derradeiro golpe de asa: o toque de uma campainha de campânula.
Tivesses tu tido essa oportunidade e o celebrado TRRRrrrrimmm- TRRRrrrrimmm em autoreverse é irresistível.
«Quem és tu que assim toca?»
«Ninguém!»
«Frei Luis de S.?!»
«Não!»
«Com tamanho enlevo, tiranizas-me com o anonimato?!»
Nós somos as nossas circunstânias...sem campainha, nada feito; nem estória concluida.
(Justificação derradeira (Cuidado com a abertura de parentesis!!!!): se encontro houve que seja preservada a intimidade dos encontrados. Nada mais!)
Um abraço
não lembra ao diabo, mas lembra-te ati,claro! agora fazer história em volta de foto de meia bicicleta apanhada na objectiva e a gente fica até arrepiada de, e de ti sei lá eu o que se espera, se fotografada fora, acaso, pela metade por exemplo deixando ver, sei lá, apenas um pé, ou, arrimada a uma esquina a parte traseira de menino ou menina. Que deus nos livre do que podia ser o artigo de opinião que escreverias sobre, se uma pobre bicicleta te foi motivo para encontrar uma despistada juvenália passeando-se como deus a deitou cá, sei lá se na bicicleta, quem mo dirá. E isto sem já contar com a panóplia de gentes para espiolhar a bicicleta, a mais a rapariga e to contar, narrador de coisas pela metade!
Um final surprendente...
Deixo um abraço saudoso ;)
Back!!
Milan. wondefurl :)
beijo
Lololololollll!
essa foto é tão bonita... fiquei a pensar em outra história... mas isso é para outras linhas! :)
Pobre Ju, será que magoou os joelhos?
beijinhos
Um momento engraçado sem dúdida. E que tal estava Milano?
:)
sorriso....distraído pela beleza da foto...:)
_______________________e pode. pode beber tudo desde que a costumada moderação....:)
_______________________assim eu tenha talento e arte para de quando em vez matar essa sede...
beijo.
obrigada.
... foi por causa dos bigodes de Dali que estavam ao virar da esquina... ninguém fica inteiro, da mona, a exposição descompõe qualquer um...
quanto mais a ju, tadinha
magoou-se muito???
;)
viva legivel, estamos de volta?...Uma bicicleta é sempre uma bicicleta.ora como seria o mundo tão diferente se as autoestradas fossem então... apenas ciclovias?!;)
Sempre há pessoas muito distraidas.
Um abraço. Augusto
É com prazer renovado que te volto a ler.
Li os dois textos que escreveste pós férias. Uma delícia.
Desculpa esta minha semi-ausêmcia. Mas isto de estar de férias, em casa própria, com uma adolescente e uma cachorra...deixa-me pouco tempo livre para as bloguices. Até porque, cá em casa,há a guerra do pc. Devia ter estabelecido um horário. Risos.
Como sempre a boa disposição que emana dos teus textos é contagiante. Mas desta vez, as tuas fotografias rivalizaram com os ditos. Estarei em erro ou naquela da meia-bicicleta vê-se uma das laterais da Catedral de Milão.(Eu e a minha pancada por Italia. País que conheço muitoooo bem. Risos).
Deixo-te um beijo e um sorriso. Ambos sentidos.Tinha saudades de te voltar a ler.*
Olá!
:) Muito legivel...adorei ;)
Beijinhos Mágicos!
Ah... que bem conheço esse recanto de Milão.
Horas enevoadas de Valpolicella e céus baixos, no selim de trás, após umas esgrimas literárias na livraria. O bailado permanente dos pedais, desprezativo da santidade do Duomo.
Ali nada se adivinhava. Era tudo à tango, estocada atrás d'estocada. E os beijos, mais g, menos g, a ponto de cruz.
que surpresa de blog, que fotografias inspiradoras!
sim senhora! sim senhora.
:D
"ganda maluka"
:))
Estou desarmada com esse poder!:-)
Ainda só li um par, mas já fiquei a par. E irei voltar!;-)
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