DESENHO À VISTA
Fotografo-te e os meus olhos só têm olhos para o que querem ver. Sem vontade própria, a câmara obedece-lhes cegamente. Não sei quem és nem porque razão te aplicas a fazer correr célere o bico do lápis sobre a folha do bloco de esquissos. Aposto que nunca a Rua do Carmo se sentiu tão despida na vida, quando repetidamente a observas numa perspectiva que é só tua. É assim que a coisa devia funcionar; num circuito aparentemente fechado, esta cena não devia acabar com este texto. A minha câmara bem poderia encontrar (por puro acaso) o teu desenho numa qualquer galeria de arte e iniciarem uma história de amor. Sem fim à vista.
2011. Texto e foto de Alberto Oliveira.
7 Comments:
gosto sempre de ver pessoas a desenharem descontraidamente na rua, faz-me lembrar quando era miúda e o fazia repetidamente, sentando-me em qualquer canto até me doerem as mãos.
Boa foto by the way.
:)
O bico do lápis muitas vezes corre ao sabor das ruas...
Que belo, o teu caminho atrás desse desenho desconhecido!Que o encontres!
Pensar nos olhos da Câmara
ver no bico de um lápis
a rasgar o branco
de uma folha de papel
Vagaroso instante
Câmara procura desenho para romance sem fim à vista. Será talvez um classificado a ver com alguma frequência a partir deste texto...
(Ainda bem que abriste a caixa de comentários, porque há alturas, aliás, há textos teus, pelos quais não conseguimos passar sem deixar um... qualquer coisa, por muito bacoca que seja!...)
Excelente o momento. fabuloso o texto.
No Name Girl
Post a Comment
<< Home