Sunday, July 11, 2010

AS TARTARUGAS TAMBÉM SE FINAM. OLARÉ!
















Tirei um dia às férias e fui aos Prazeres (que sempre são muito mais perto que o local onde deixou de contar para as estatísticas populacionais vivas da costa) prestar-lhe uma simples mas comovida homenagem, passadas que foram vinte e quatro horas sobre o seu funesto passamento. O respeito que me mereceu, depois de sabê-la um mero objecto de adorno e uma menor valia nas mentes mesquinhas de Bárbara e Arnaldo, fez-me esquecer o sentimento torpe que nutria por estas simpáticas casca-duras, por via da sua longevidade em paralelo com a minha modesta esperança de vida. Deixei umas flores na campa e despedi-me com um aceno comovido. À saída, cruzei-me com um grupo de criaturas de vestes, gestos e falas pouco condizentes com o local onde entravam. Cintialina, Malpique, o galego Ferragial, o filho Coriolano, Clarinda, o polícia Gervásio, a mãe de Arnaldo e um mestre-de-obras-anónimo, esfusiantes de alegria entoavam "Tartaruga não é gente/e já foi à nossa frente/não lhe valeu a carapaça/esta teve muita graça."
2010. Texto e foto de Alberto Oliveira.