Monday, July 20, 2009

ROMANCE (DES)ANIMADO











Uma vez mais, os lábios dela aproximaram-se tentadores dos de Onofre «Tu amas-me, não é verdade?» Ele era um homem de gostos simples, avesso a ser confrontado com perguntas complicadas e nunca lhe passou pela cabeça que - após duas semanas de conhecimento - Ofélia o questionasse de modo tão metafórico. Dela, estava à espera, isso sim, de uma coisa próxima de "E se a gente se casasse para o mês que vem?". No curto espaço de tempo em que Onofre se debatia com mil e uma dificuldades idiomáticas de tal modo que na sua resposta transparecesse o sentido do seu pensamento mas sem ferir os sentimentos de Ofélia, o mundo parou como acontece quando vemos o resultado de uma fotografia que tiramos numa rua movimentada: as mãos dos enamorados não avançaram mais (mais as dela que as dele), as bocas quedaram a escassos centímetros uma da outra e até os trabalhadores do centro comercial que se vê ao fundo na imagem, tiveram uma folga com que não contavam. É por estas e por outras, que demasiados romances de amor não têm finais felizes e o mercado de trabalho vai de mal a pior...

2009. Texto e foto de Alberto Oliveira.

(Quatro anos à volta das letras e das fotos num blogue, é demasiado tempo. Tempo que me retirou a possibilidade de me profissionalizar na prática do tiro-ao-arco-do-cego ou de jogador de poker no terreiro-do-PASSO!, por exemplo. Para não perder mais tempo e oportunidades noutras modalidades desportivas, o administrador do Papel de Fantasia fecha as portas deste sítio e agradece a todos a paciência que tiveram para o ler. Legível de Oliveira.)