OS ANIMAIS VOLTAM A FALAR!
«Que fazes aqui leãozinho? na obscuridade, mais parecendo que pretendes que ninguém te observe debruçado à janela de um andar tão alto? devo ter chegado a tempo de te impedir de cometer uma loucura!» Isto inquiriu de um fôlego o Superelefante, ainda esfalfado de um voo directo pelos ares e ventos, após ter libertado uma águia de perecer pelo fogo, expelido da boca de um dragão faminto de carne de ave bem tostada. E para ganhar tempo -que o tempo em questões tão delicadas como esta, é de capital importância, foi narrando à fera(?!) este último acontecimento em que se envolvera com assinalável coragem e que será naturalmente desenvolvido nas páginas de uma das edições da "Marvel Comics" (imaginavam que era na "A Bola" ou no "Record", não?!), mas omitindo os pormenores mais dramáticos para não impressionar o leão, ocasionalmente debilitado física e mentalmente. Este, ouviu com atenção e sem interromper (era um leão filho de boas famílias e de melhores educações) o super-herói e replicou fleumática e cortezmente «Agradeço-te a preocupação ó Supertrombas mas não tenciono acabar espapaçado lá em baixo. Este é o meu lugar de retiro, quando as coisas não me correm bem e a altura e a penumbra ajudam-me a reflectir melhor e pelas minhas contas, nem tudo está perdido e ainda tenho algo para ganhar. Agora se não te importas, vou até Alcochete jantar um ensopado de enguias»
Almada, 2007. Texto e foto de Alberto Oliveira.